sábado, 19 de maio de 2012

Velejando o MarAzul

Velejando o MarAzul Velejar É a metáfora da vida Que passa O tempo não é o palco Onde nos apresentamos Ao longo da vida Mas é instancia imediata Da qual seguem outras Onde a vida em si se revela Vida não é tempo Apenas está nele Numa ligação pra lá de curiosa A vida sempre vem de outra vida E assim remissivamente Até o mergulho no mistério O tempo que a vida conhece é Não é marcado Pela noção de dias Mas pela duração Pelas gerações de vida Que se sucedem A mente só conhece a própria vida Sua noção é limitada Ao seu limitado conhecimento Mas mente e tempo São inversos Da mesma realidade A mente é um focar na arvore O tempo É desfocar na floresta A vida é muito antiga Muito além Do que podemos imaginar Assim como o tempo O espaço também É uma estância da realidade Não é o determinante dela Não a contém Apenas a revela A realidade é muito mais Do que cabe no espaço e tempo Ocupa outros andares do que é Nisso aponta Para valores muito maiores Do que os que estamos habituados Valores estruturais Que fizeram a vida ser hoje Do jeito que ela é A cada ser que nasce É mais uma espichada Que pelos pais faz a vida Porém é a mesma vida Que se desdobra Em mais uma existência Isso faz com que cada ser Seja um desdobro da vida Que invisivelmente aponta para ela Cada ser é sustentado Por uma imensa carga De ser vivo É uma energia Que não vem da matéria Mas de ser vivo O ser vivo A qualquer momento Pode voltar para onde veio Pode ser tragado Para onde no inicio Foi soprado O ser é apenas Uma instancia da vida Que habita o presente Sua compreensão das coisas É limitada apenas Ao tempo e espaço que conhece Mas há uma passagem Pela qual se pode Acessar outros mundos Uma passagem Que pode nos levar A infinitos tempos Pode descerrar novos espaços E nos trazer às essências Amanheço Nessa casa movil Na represa dos ingleses Cercado de filhos e seus amigos Que prolongam o sono Desta linda manha É a primeira noite nessa casa Desde que foi construído Há três anos Tudo é espaçoso E faz sentir em casa Em cada ambiente Isola o ruído e o frio Deixa passar apenas O calor da manha Estaciono meu lugar no mundo Entre essas arvores Para me fazer escritor Para transformar silencio Em palavras escritas Que germinem mais silencio Me fazer pai Com forma de levar a mais uma etapa A vida de família que chegou até aqui Me faço do mundo Para o mundo Para fazer-se por compreender Diário Mar azul Tarde de quarta O dia termina Na beira da lagoa Galhos silenciosos Dançam ao sopro da bisa Que traz a noite Flutuando na água Um pedaço de poesia Balança docemente Convida para uma ultima viagem Mais um passeio Como se coubesse Aponta para os ótimos momentos Que passamos juntos Entre vela e vento E assim faz flutuar O pensamento e a idéia da vida A sensação do ser Somos feitos de mistério Irrevelado a não ser Em horas como essa A vida está em ordem Pode-se dizer pelo menos Até onde se pode ver Passageiro no tempo Nada mais Do que matéria emprestada Alma laçada Suspiro tomado de alguém Acorrentado ao amor de meus pais Como ao desamor Flecha em vôo Pingo Caindo do céu Sigo O que aprendi Como se fosse meu Imito os passos Caio nos mesmos percalços Tropeços Repito a fuga e o medo So agora Aprendo olhar nos olhos Faço de mim espaço Para desabrochar a obra Que a vida espera de mim Ubatuba A poucos metros do mar Em nossa casa Em Ubatuba Noite serena Depois da chuva Silêncio Cheiros invadem a janela Terra e mar Doce e salgado A noite é pequena Para conter Tantos mistérios Há uma imensa acolhida Em sentir-se em casa No mar Tocar o oceano É tocar qualquer parte Que ele toca É tocar seu fundo Sua fossa mais abissal Como suas espumas Trouxe minha mãe Para as águas do mar Vim delas Deixei nelas o peso De uma humanidade que pesava Demasiado em meus ombros Quando voltei a ser jovem A ser quem sou Ainda agora Nas águas fui batizado Destas nasci E renasço agora A poucos metros Quase afundei Em tempestades A poucos metros Morei no reino das chuvas Na solidão do veleiro A poucos metros Minha primeira casa Com a minha cara Aqui encontrei o tempo perdido A intenção certa O equilíbrio Desta janela vi o mastro Do novo veleiro que construí Antes de construirem na frente Daqui vi o cometa O Eletra da ponte aérea E a eclipse Daqui vi partir o amigo Que se sentava na praia E mergulhava na luz Para cá corri Quando partiu meu pai Aqui esperei por ele Daqui mudei de vida Subi a serra E fui para Minas Daqui reuni forças Para enfrentar as mudanças Que moldam meu tempo Aqui fiz amigos verdadeiros Que me fizeram Como sou Aqui me encontrei comigo E preciso de pouco Quase nada A noite é pequena Para conter tudo Que esta presente aqui Acabo de chegar do mar É quarta feira Tudo é calmo fora da temporada O marinheiro me levou Até o antigo veleiro Onde aprendi velejar Ao chegar perto percebi Que não era ele Mas um outro igualzinho Dentro e fora mostrava Sinais do tempo E da falta de trato Passeamos por outros Maiores e melhores Mas não vi nenhum outro Aquele velho amigo Esta dentro de mim Como a agua do batismo Não preciso dele Mas do que com ele Toquei e fui tocado A imensa vida No mar e fora dele Na terra e fora dela Tão imensa Que o pensamento É só uma gota no oceano Na praia ventanosa Adentrei no mar Vagarosamente A água estava gelada Mas convidava a imersão Passo a passo De mim era retirado o calor E as preocupações Com o efêmero Quando voltei à praia Vi o mundo diferente Era limpo Na limpeza de meus olhos Vi um mundo reluzente De suas próprias belezas Então houve paz E o canto do pássaro Combinou com o ruído dos carros Aqui desta rede Me aconforto No ventre da terra Nascidos dos oceanos Na beira dele Nos reanimamos Por quantos anos Ou melhor décadas Aqui me balanço Me vejo no espelho da montanha Tão verde e intocada Percorrida apenas por olhares O coqueiro do vizinho Denuncia o vento noroeste Que traz as chuvas vespertinas O choro de crianças Que se revezam com os anos Na educação torpe dos pais Tão pouco é preciso O conteudo parece espocar Para fora dos elementos Poderia ficar horas aqui Recollhendo-o com carinho Enaltecendo-o Enxugaria o gelo das geleiras Saboreando o sal dos oceanos Dissecaria a alma E ainda assim Haveria tanto Que o tempo não alcançaria Fico apenas no imediato O que toco E silencio em mim Meu coração se estufa Me fazendo perceber O pulsar da imensa vida Avaré A bordo do Easy É domingo Motor silencioso Vento de frente O ar úmido da represa De águas limpas De Avaré Aprôo 210 na magnética Rumo ao canal principal É quase um mar O céu azul Salpicado em stratus Ainda branquinhos Aqui estou a navegar O bom veleiro Easy Que me acompanha há duas décadas Que muitas historias Podemos contar Um do outro Do estaleiro ao mar 10 anos de Ubatuba 10 de água doce Quantas temporadas lindas Quantos revezes Uma vida Agora estamos em paz Alma lavada Cara lavada Ambos estamos Flutuando No rio da vida Por se domingo Deveria ser proibido Pensar em trabalho Então acordo Para tudo o que me cerca Com olhos novos Olha lá Um hidro avião Vindo para cá Nos demos tchau Com a mão Como velhos amigos Descubro Que em minha vida Preciso de tempo Como uma semente Precisa de chão E de água Preciso Para desabrochar A vida que há em mim Com muita educação Carinho com a historia Da qual sou parte Abrir as asas Fazer a ascese Da qual preciso Para não ficar ilhado Na pequena tempera Nem homem nem santo Apenas acometido De uma santez passageira Ligada somente a resultados Passou de volta o hidro Ao cruzar alto Balançou as asas Lá vai Outro piloto leve Que aproveita esta calma manhã Voltando a minha encrenca Vejo como estou desarrumado Quanto há por fazer Ainda vivo na crença De consertar as coisas De fora para dentro Sem a firmeza Para me silenciar Na hora precisa Aprendo a substituir O ímpeto de falar Por uma tocidinha seca e breve Ainda cedo A imensa tentação De falar o repetido Vejo uma alma humana Querendo se levantar Saindo da lama O motor entrou em regime Parece um compressor De uma boa geladeira O botinho vem atraz Arrastando e fazendo som De ondas na água Novo rumo 240 Vou para o Costão De mata virgem Onde sem querer Me sinto transportado Para a praia do Flamengo em Ubatuba Mata virgem Águas virgens O canto dos pássaros Cenário para um passeio lento Não quero nada Não preciso mais nada Apenas adoraria Poder dividir este momento mágico Com os meus Apesar da distancia Vivo por cada um deles E não sei ser diferente Como parece o Flamengo Este aqui é um pedaço do mar Presente nesta represa Que gostoso recordar aquela praia É uma espécie de pátria Para o recém velejador O premio merecido Por horas de equilíbrio Entre vela e vento Água que refrescava A pele queimada Docemente salgada A enseada abrigada Onde com outros velejadores Nos sentíamos em casa E agora ? Jogo a ancora Ou não ? Deixo-me aproximar mais Das arvores verdinhas Desse denso conjunto Super expostas a água Me sinto O seu oposto Sigo sequioso De tempo e espaço Para me expor e alimentar Sei que não sou simples Minha vida não pode ser escrita Em apenas uma linha Não sou retilíneo Não sou uma aposta fácil Envolvo riscos Não sou previsível Sou no máximo Complicadamente simples A água está aqui Sempre disponível E receptiva E minha sede O perigo que me ronda De uma vida secante Aqui esta bom para jogar ancora Já passamos tantas vezes Fizemos pic nic Vou me dar O presente De um mergulho Afinal de contas Nesta semana Estou ar fazendo aniversario Shimbum Mergulho ! Não jornal em japonês Mergulhei nu e quente Me vesti apenas De águas frescas Boiei com os pés apoiados No ultimo degrau Da escada de popa Senti me dissolver Efervecentemente Como um anti acido Da acida vida Que me priva Deste encontro Deitei ao sol No bom bordo Dourei ao sol Me senti ainda Tão vestido de carne Da cabeça aos pés Vestido de corpo De historia De significado De matéria dura Que asfixia O verdadeiro respirar Me senti Como preso Ao corpo Como um cavaleiro Preso a sua montaria E sua batalha Como o veleiro À ancora Querendo partir Sinto a necessidade De voar De soltar Enquanto ainda me esforço A me prender mais e mais Em coisas Incrível paradoxo Redundância de alguém Redondamente enganado Percebo Do quão pouco O que preciso Do muito Que penso Precisar Céu incorruptivelmente azul Sol a pino Todo o redor decorado em estratos Pesados buscam a camada Da diferença de pressão Como base Se horizontalizam Como senhoras gordas Sentadas Aprôo para o Hotel Para o almoço Para a água com gás e limão Proa 160 A boreste Se vê a ponte Linda centopéia Se esticando Contra os lados da represa Nela Trafegam pontinhos Feitos de aço Parece seiva Numa alongada espinha O que faz dela um ser vivo Divertidos os barcos Cruzam Seus intervalados pilares Enquanto se reflete tranqüila Em azuladas águas Brilhantes e macias O zumbido dos Jetskis Confrontam O silêncio das matas Uma borboleta Vem por bom bordo Em seu vôo irregular Quase chegando Procuro um bom posto Para fundear Um lugar que gravite pouco A atenção dos hospedes E outros curiosos Nuvens carregadas a sudeste Recomendam uma prudente brevidade Quem sabe ancora de proa ? Faço aproximação lenta Como um pouso No aeroporto de origem Estacionei mesmo Na piscina do Hotel Encomendei um almoço vegetariano Rostos conhecidos Mas não são os dos meus Continuo sozinho Nesta piscina Que as crianças tanto gostam Passam horas São águas aquecidas Tratadas em cloro Bem comportadas Nos contornos precisos Dos olhares exigentes De ricos clientes Que pedem aqui Decorados daikiri’s Em canudinhos coloridos São tão diferentes Das águas livres dos rios Que descem das cachoeiras Se misturam em tudo que encontram E se lavam em si mesmas Estando sempre limpas Águas de torrente Que somente tem A certeza a diante do mar Encontro com Zé Roberto e Regiane Que bom escutar Pessoas que se amam Então voltamos ao Easy Que nos esperava Balançando suavemente Roberto e Regiane Me acompanham Até o través de sua casa Levantar ancora Proa norte e depois 45 graus Eixo do canal Conversamos pouco Nos entendemos muito Depois da parada Um encontro de velejadores Conhecedores Das dores de velejar Captamos as direções dos ares E nos movemos Apesar delas Sabemos o quanto De vento e de leme Sabemos manejar Somos assim um misto De vela e dor Ao mesmo tempo Sabemos os humores das águas Dos resmungos dos ventos Das térmicas e calmarias Sabemos do respeito Que cada um deles Espera por receber Sabemos apreciar o presente Quando numa linda tarde de sol Entra o vento perfeito Sabemos guardar silêncio E sabem que outras sensações Permanecem em segredos Após a despedida O motor do bote Não pegou Incorporou Minha vontade De não ir embora Ficar E trocar figurinhas Do álbum da alma Falar dos ventos Enquanto Venta vida Tivemos juntos a sensação Que éramos paz O despertar de uma amizade E numa mínima brecha O sol se apresenta Redondo e tímido No começo de tarde preguiçoso Depois de encontro gostoso De alma e corpo relaxado Da água refletindo o céu A ponte da amizade Re, Roberto e eu Um ano depois Retomo este texto Há uma semana do aniversario Estou sentado A bordo Home World O novo motor home Dentro da barriga do Easy É noite 29 de junho de 2007 Acabamos de jantar pizza Com Miriam e Chico Jantar aqui a bordo Pedaços de memória Ainda se encontram Nos cantinhos da mesa Estamos reunidos Para o terceiro encontro de veleiros Da represa de Avaré Depois de seis meses Consegui finalmente um tempo Para estar aqui dentro Funcionar o motor Que pegou na primeira Dar uma limpeza Tinha quase esquecido Como me sinto em casa Flutuando nesse veleiro Percebo que todo esse tempo Que não estive aqui Algo ficou menor em minha vida Apenas o casal de andorinhas Habitou-o Por esse tempo Mergulho no silencio Assumo meu lugar preferido No mundo Visto-me de veleiro Como um frade De seu hábito Sinto-me fibra e pano Madeira e escotilhas Alumínio e inox Deito na cama de boreste À frente da lampadinha Na qual me esforço em colher luz Sinto lentamente A alma expandir-se E se confortar A lua imensamente cheia Ilumina os limites Reluzindo nos metais Azula o que toca Libera energia Por onde passa Penetra no oco do silêncio Como substância macia Pegável Enquanto imóvel nas águas O barco parece se mover A cada respiração Aves noturnas Enriquecem em longínquos sons O próprio silêncio Que ganha rastro Em pequenos estalinhos Que só quem já escutou sabe Então chega Uma onda de paz Imerecida Roberto e Regiane Retornando a proa norte Depois da parada Em que conversamos Um encontro de velejadores Conhecedores Das dores de velejar Somos um misto De vela e dor Ao mesmo tempo Somos conhecedores Dos humores Das águas Após a despedida O motor do bote Não pegou Incorporou Minha vontade De não ir embora Ficar E trocar figurinhas Do álbum da alma Falar dos ventos Enquanto Venta vida Tivemos juntos a sensação Que éramos paz O despertar de uma amizade E numa mínima brecha O sol se apresenta Redondo e tímido No começo de tarde preguiçoso Depois de encontro gostoso De alma e corpo relaxado Da água refletindo o céu A ponte da amizade Re, Roberto e eu Dia 30 de junho de 2007 Passamos o dia para o veleiro Amanhecemos nele Anoitecemos nele Pelo dia velejamos Pelas águas puras Da represa de Avaré Encontramos amigos Vimos outros veleiros Leves e belos Mas sobretudo Encontramos o velejador Que repousa dentro de nós Nos equilibramos Entre a instabilidade do vento E a segurança da inércia Singramos as águas Nos alimentando apenas Com seu ruído pelo casco E junto com os outros Retornamos à tardinha Como filhos à casa E quando anoiteceu Nos descobrimos irmãos De alma e de vela Irmãos que se nutrem Do que de mais belo Pode a natureza oferecer Então cansados percebemos O quanto podemos Nos considerar felizes Como homens Que aprenderam a dar valor Ao que recebemos gratuitamente O vento A vela A amizade Sabia Que a tempestade vira Entre graves estrondos Que abalaria as bases Que derrubaria tudo Pedra com pedra Sabia que nada viria E me levaria junto Sem explicações Sabia que nada adiantaria O conjunto da obra O tempo afiado Que não valeriam nada O depoimento Dos amigos Que a dor Seria Sem remédios O mergulho Incontido Como a luz Que agora Cega E extingue Um Ser amado Como quase Um deus Despido Acariciado Sem reservas Tido com belo Como forte Viril Abraçado E beijado Por toda parte Não ter outro A não Ceder à entrega E se dar todo Esvaziar-se Outra vez Tocar o zero E nele Ver-se um Rio Quando se abriram os olhos Era o topo da montanha No por do sol O vento Acariciava Ainda em solidão Tinha tocado O outro lado Do rio Uma saída para o mundo Se houvesse outra forma De se agradecer a vida Eu tentaria Mas não há outro destino Para a atuação De quem se sente agraciado Não há como chegar à origem De onde tudo vem Senão por ali mesmo Não há outra saida Temos que melhorar o mundo Para os outros Quem somos Somos meninos Somos meninas A espera apenas De sensações De novas brincadeiras De motivações Nos ocupamos na tarefa De nos multiplicar Enquanto nos dividimos E continuamos assim Sempre tolos Porem ocupados Esperamos na salvação Que chegará Pronta de fora Algo que irá nos acontecer Ou alguém que virá E fará acontecer Confiamos veladamente no destino Como jogadores na sorte Como namorados nas promessas Viemos da crença Em deuses europeus Em sinos sonoros de bronze Igualmente sonoros argumentos No bem e no mal No medo Não nos tornamos férteis Por quanto Não sabemos morrer Vamos nos esticando Perpetuando Numa vida insípida Sem dar o mergulho Em água profundas Para alem do conhecido Nos acostumamos à desordem De uma liberdade imaginária Que nos prende mais e mais Será que só existe Esse tipo de vida Advinda da sobre vida ? Do escapar de um desastre Ou de uma grave doença ? Somente quando escapamos, acordamos Acordamos para um estado De atenção Que leva à morte diária Terminar processos doentios Zerar-se Bater no fundo Será que somente se conhece Depois da dor Nunca livremente ? Vou chegando ao ponto que parti Saí na fresca manhã Volto agora tarde pós quente E nisso sinto a paz De quem Sempre volta E deixa vir o novo Ainda intacto O que não morre O que não se corrompe O que não muda Pois já é Respiro fundo o vento sudeste Que chega pelo canal Com cheiro da tarde Recolho as minhas coisas Me sinto mais firme Quando estou próximo do meu coração Me preparo Para mais um ano De minha vida Completo esta semana O que me reserva Este ano ? Passeio por outonais alamedas Praias em pedras Lavadas em espumas Como entardecer de domingo O convite A alguma síntese O sentido Para onde A vida aponta Me recolho Abro as portas Para o que não sei No silencio Sinto o abraço Da vida Passageiro no tempo Nada mais sou Matéria emprestada Alma laçada Suspiro tomado de alguém Acorrentado ao amor de meus pais Como ao desamor Sou flecha em vôo Pingo Caindo do céu Sigo O que aprendi Como se fosse meu Imito os passos Caio nos mesmos percalços Tropeços Repito a fuga e o medo So agora Aprendo olhar nos olhos Faço de mim espaço Para desabrochar a obra Que a vida espera de mim Passada a hora Chega o dia Passado o dia Chega o encontro O olhar A resposta Não mais Olhar para traz Não evitar Aceito Sem deliberar Simplesmente assim Não procuro Sou eu Que sou achado O maximo que faço É permanecer Na vida que passa Faço nela O movimento Que brota em mim Entra pela janela A brisa fresca Da manhã Velejando as Estrelas Começar Seguir passo a passo Um novo caminho A oportunidade única De mergulhar No mar do tempo Com a total descrença Em sistemas Construtivos ou não Sentir a inutilidade Do pensamento Do conhecido Assim há A possibilidade De emergir luz O universo O rumo de tudo É apenas um As estrelas Delas viemos Delas somos feitos Para elas caminhamos Elas são testemunhas Desde o tempo Do milagre da vida Tão grande E misteriosa Como o universo Segue o grande fluxo E em si Tudo se leva Na medida em que Cada parte do todo Se deixa levar E assim pelo intimo já se ligam Os elementos que ao se tocarem Produzem fusão Ao se entregarem em silencio Zeram memórias Sublevam ressentimentos Então o mínimo sopro Do vento solar Pode os conduzir A outros milhões de sois A infinitas canções Inaudíveis Que cantam a história da vida Em cada som Se une em sinfonia O mar As ondas dos mares Talvez possam mostrar As ondas do universo Espelham a grandeza E o abandono Em se dar E ao silenciarem-se Podem finalmente Terem sido ouvidas Apontam para uma vida de paz Que seja atenta Para o que dela emane Com ouvidos abertos Para poder ouvir Através do silencio As mesmas ondas Estão presentes No coração humano A cada batida O universo e o mar Se alinham O que faz da viagem da vida A viagem para dentro da luz O nosso destino comum O caminho Quando aproximar a fusão Há que se chegar Pelas próprias pernas Quando chegar a hora Há que saborear Cada segundo Quando abrirem-se as portas Há que se estar pronto E caminhar com altivez E do ultimo passo Há que fazer trampolim E fechar os olhos Pois se não viram as verdades Não souberam os sabores Não reconhecerão E seu tempo Não poderá mais ser expresso Em minutos A visão ampliada Será para enxergar A vida no agora E naquela hora Partir como um pássaro Como uma rajada Passageiro no tempo Nada mais somos Que matéria emprestada Laçada pela alma Suspiro tomado Por alguém suspirado Acorrentado ao amor Vindo dos pais Do que não coube neles O que foi desamor Como flecha em vôo Pingos somos Caídos do céu Tomamos o que aprendemos Como se fosse nosso Sem ser Imitamos passos Caímos nos mesmos tropeços Por gerações Repetindo a fuga e o medo Que não foram vistos Com olhos nos olhos Mas podemos fazer em nós O espaço necessário Para desabrochar a obra da vida Tudo Nos atemos Atentos Ao que não temos Não entendemos O conhecimento A partir do sentir O que sempre acompanha Parece invisível Depois inexistente E com alegria Súbito se aproxima Como a chegada de um amigo Só ele Nos fala De tudo Passagens Por outonais alamedas Passam praias Pedras lavadas em espumas Como entardecer de domingo O convite A alguma síntese O sentido Para onde A vida aponta Então recolher-se Abrindo as portas Para onde tudo vem Para no silencio Deixar sentir o abraço Que traz a vida Respostas Passada a hora Chega o dia Passado o dia o encontro Passado o olhar Vem a resposta Não mais olhar para traz Passado a resistência Não evitar mais Aceitar Sem deliberar Simplesmente assim pronto Não procurar mais Achar-se Mais que querer ser achado É o máximo possível Permanecer na vida que passa Habita-la Fazer nela o movimento Que brota espontaneamente Do intimo Como a brisa fresca Que entra pela janela A cada manhã Horizontes Dias sobre dias Em rápidas horas Sem piscar Tarefas de zelo Cuidado Carinho Poesia escrita em tintas e vernizes Cabos de computador Montes de lâmpadas Destravar a trava da porta Do armário embutido Que a embutiu Começo respirar Sinto na frieza do ar O senso do cumprido dever A pista esta pronta Agora vamos Decolar Infância A porta da cozinha Dava Para o quintal Enquanto menino Ficava horas sentado No degrau Me sentia no limite Do espaço conhecido Da segurança Imaginava O que se passava Depois das esquinas Assim me sinto ainda Quando olho O espaço A energia formativa dos planetas Um disco de poeira fina Ao redor do sol Se coagulando E se condensando Em rochas de um quarteirão Que pelas massas Passam a gravitar uma as outras E todas ao sol Vao se somando Até formarem Uns 150 protoplanetas Vão se colidir Suas órbitas se encontrar Fundir-se em mega massas Então Somente uns 10 Vão sobrar Nós Aqui E ali Uns mais perto do sol Com temperaturas tórridas Uma química em constante mutação Outros muito mais longe Temperaturas menores A 200 graus Química lenta Enormes globulos de gases gelados Em lindo azul E na faixa intermediaria Nossa preciosa terra Clima ameno Águas se congelam nos pólos Se evaporam nos tropicos Permitindo o ciclo da vida Porem depois da camada fria Há um imenso desconhecimento Um imenso frio Para lá se voltam Os olhos que querem Desvendar o universo Sentado em Plutão No final da casa No degrau da escada Observo o que pode haver Depois da esquina Do sistema solar Enquanto criança que sou E brinco de ser Morador do universo Noite a dentro A solidão Escrever deitado na cama Deixar os dedos prontos, As letras prontas Para a possibilidade Da palavra Escrever é transpor a barreira do eu Tirar a casca das coisas Descortinar o conteúdo mais arredio Mas o corpo deve estar sadio Não entorpecido Não mareado Para captar Nada mais que isso O que se lhe é mostrado Visto-me de papel Destapo-me a caneta Deixo vir a vida tempo Uma pequenina fresta No tempo A duração de uma vida humana O contar do tempo É o tempo de contar Poucas coisas Mas as podemos fazer Com toda grandeza Na atitude O tempo é zero O potencial desencadeador Das iniciativas O tempo em grandes medidas Seu encurvamento Se desdobrando sobre a energia O tempo cronológico O que nos prende E o outro o meta tempo Atalho não é a garantia De chegar mais rápido É a chance de conhecer o caminho O tempo pode-se abrir E revelar em outra dimensão Sua natureza Como no ultimo segundo Que se pode ver A vida inteira Como um só minuto Bastaria para ver O rosto de Deus A criação do tempo O tempo vem Numa fração de segundo Após o espaço Esse se desdobrando Continuamente Em todas as direções Bastou existir um espaço Para que existisse todo Sem nada nele E na fração do primeiro espaço O primeiro sopro de tempo A primeira fração de segundo Um tempo tão pequeno Fez explodir no infinito Uma fina radiação Uma vontade de ser matéria O útero do átomo Não separado do espaço E antes de completar a metade Do primeiro segundo A radiação virou luz Um formigamento de luz Que no frio Se congelava em partículas Que a radiação As fez girar umas às outros Criando próton e elétron Espaço tempo matéria luz Tudo se desdobrando infinitamente Em parte de um segundo Repetindo um padrão de desdobro Uma assinatura Do que existia antes Que tinha uma vontade imensa De ganhar corpo Este No ponteiro do primeiro relógio Ainda não marca Um segundo A matéria condensada Das partículas de luz Brilha em estrelas Toda matéria se equilibra Em gravitação E magnetismo Enquanto toda energia Também se equilibra No significado de ser um Um segundo Um primeiro Um inteiro E do nada à luz Da luz à matéria E do espaço ao tempo Por si move Flutua Na inseparada totalidade Num movimento gracioso Em arredondadas simetrias Em sentidos gestos A mesma frase Permanece escrita Em tudo que vive Podemos lê-la Em tudo que existe Tudo que vive O universo é muito novo Ainda não deu a badalada Do primeiro segundo O nosso tempo Nosso tempo Decorre daquele Que vai devagarzinho O nosso é mais vagaroso É muito maciço Muito grudado à matéria Não desliza como a luz no vácuo Ele se esfrega todo tempo A si mesmo Como se estivesse Coçando a matéria Deixando-a mais alegre Passa mais rápido ou devagar Segundo a qualidade De nossas aptidões Nos parece sempre continuo Mas é apenas a projeção De nossa pequena compreensão Da matéria à vida Na complexidade da matéria Começa a pulsar a vida De forma muito amena E ela toma a chance De dar corpo Ao que era gesto Dar consciência Ao que já era Luz A vida vai no eixo Do zero ao um Da mãe ao pai Do feminino ao masculino Do gesto ao corpo Da intenção à realização Vai enquanto se entende Entende o significado De ser um Assim a vida Pode ser resumida Energia matéria e significado Um não vive sem o outro É uma função Um depende do outro A matéria Quando atinge o significado Vira energia Significado é ver Ver é luz Luz na velocidade da luz Luz na direção da matéria Luz na direção da energia Portanto luz ao quadrado Talvez tenha a ver Com o enunciado de Einstein Energia = matéria x luz ao quadrado O significado da matéria é energia O significado da energia é matéria Ambas transitam em seu eixo O eixo da criação O eixo da vida Do zero ao um Ainda não chegamos No universo Ao segundo um Ainda dos esfregamos Nas sub partículas Das frações do segundo Enquanto Ainda Não somos Tempo Nosso verdadeiro relógio Só anda quando nos movemos No significado Universo O universo apenas é O revestimento de corpo Da intenção que o precede A vontade de se transferir Para o lado de cá Da matéria Nela estão todas as leis Todas as explicações Da psicologia à quântica Ela esta escrita Em cada grão de areia Em cada átomo Ela nos faz querer Amar alguém E querer se casar É dela que são feitas as canções E sobre ela Suas letras E essa vontade Que impulsiona o mundo E todos os mundos Então se houver vida Em outro lugar do universo Ela também virá desta vontade E então seremos Quase iguais Seremos semelhantes Pois é por semelhança Que conhecemos E reconhecemos Por semelhança avançamos Por planos simétricos Para conhecer a vida Por semelhança O espaço e a matéria se expandem Quase igualmente Muito semelhante É o eixo da vida E o eixo do significado Semelhante É o movimento de criar E o movimento de amar Nascer e morrer Dar e receber São semelhantes Então de certa forma Em cada parte da matéria Este escrito o que é a matéria Em cada pedaço de vida Se pode ler O que é a vida Numa escrita única Com a mesma caligrafia De quem escreveu o tempo Ordem Tempo implica em ordenamento Pois não se repete Se amplia Ordem É a superação de uma condição Que esta pronta para a próxima Ordem é não começar Um momento Antes de completar o outro Assim é a estrutura Onde se estende O tempo É o convite Para as mudanças Necessárias É o que avisa quando se chegou A um estado Do qual nada mais há para fazer É na ordem Que o um e o zero São iguais por dentro Nela Não é conhecido Se esta aqui ou ali Nela Somente Se está ou não Para ela Retornam os ímpetos Depois de lançados A ordem É a alma Do tempo A ordem É como o tempo Se conhece Girassol Sigo a luz Como um gira sol Não sei fazer outra coisa Somente faço isso Pois só assim Não sou nulo A luz Qualquer luz É melhor que o escuro Como é duro Ter olhos E não ter luz Sou fotofílico Foto sensível Foto sustentável Sou foto gâmico Só sei amar O que tem luz Sou foto fágico Me alimento de luz acumulada Em grãos Dependo em tudo da luz Tanto Que esqueci de ser luz Cego Sou convidado Para outra visão Que não entra pelos olhos Que vai direto Ao coração Convite Cada percepção Leva A um convite Se estiver Com a casa Em ordem Fica claro Em aceitar a forma Como chega Cada elemento Toca um correspondente Aqui dentro Que só de entender Responde Que sim Pois fala O que já estava escrito De uma outra forma O que faz A passagem Para um entendimento maior Mais vivo Menos referido Ao que passou O equilíbrio então Nos joga Mais longe Pois escorrega Pelo que é simétrico E só para no que é novo O convite também chega Quando se esta No meio da confusão Chega como um enxaguante Para diluir e desembaraçar Amaciando O convite Para que cada i Encontre seu ponto No fundo O convite depende muito mais De ser capaz de ouvi-lo Pois parece sempre O mesmo convite Independente do tempo Quando se o entende O que resta É o mesmo que nulo Para aceita-lo Não é preciso luz O aceito de olhos fechados A química Diferentes temperaturas No mesmo forno Fez a química A resposta igual Dos diferentes Numa certa circunstancia Por ela Se aprende A ruptura dos limites Equações Que expressam Igualdades Trazem a possibilidade De realizar O que já estava impresso A reação leva A um outro patamar De consciência Nela se passa De conhecedor A conhecido Porem apenas Deixar a manifestação Do irresistível Azul No silencio Ouço O pulsar da vida Linda vida Não cabe Em palavras Apenas apresenta A si mesma Sem reservas Sou este azul Esse encontro de luz Entre céu e terra Riquezas Petróleo do céu Surge um novo tipo de reserva A ser prospectada Não escavada Porem há Que procurá-la Não é fóssil É muito mais antiga É eterna Depósitos de riquezas De infindável beleza E energia Disponível para aqueles Que sentem em si Fervilhar os céus Como uma co-relação Uma ressonância Entre mundos Estas reservas são incalculáveis São valiosíssimas E estão tão próximas Depende apenas De encontrar em nós Seu correspondente valor O brilho Pode refletir Toda a luz A matéria Pode refletir A energia O senso de liberdade Não pode ser comparado A nada Toda riqueza Pode ser convertida Num só ponto Como se toda gravidade Num só Espaço Então converte tudo a si Encurva O que é limitado E então é revelado Aos homens e mulheres O que só se conhece no silencio São riquezas antigas Que aguardam um vinculo Um mínimo elétron Fecha o circuito Produz a fagulha Entra em ignição Então a união Do céu E da terra Contato puro do ser Com o ser De pura energia Quero Quero Com minha vida Alcançar a vida Quero me achar Me perdendo Em seu mistério Uma ponte Que sai de antes de mim E chega até depois do outro Estaciono meu momento Bem ao lado Do eterno Fico silencioso Ao lado Do que não conhece ruído Encosto no lado Do que Não é físico Adentro No que Não ocupa espaço Como quem vai à praia Como quem não quer nada Meio sem querer Mais azul Como o mar é azul Quanto mais azul É o céu Absorvo todo azul que posso As outras são cores Que não consigo decifrar É infinito Paciente Sem esforço Até esqueço De quanto É respeitoso Posso ler nele A origem De tudo que é vivo A fonte Que alimentou A vida O sorriso da primeira célula Posso sentir No formigar do meu rosto O sorriso dos átomos Contam A poesia da matéria E no seu interior Junto com a solidez do mundo O silencio Tudo que teimo Em continuar A ouvir Volto Volto Ao meu caminho Só de ida De idade Estou na preferida De se estar Vida articulada Relacionamentos Compromissos A matéria Duração é dureza Do tempo Terra Meu nome é Terra Minha rotação 24 horas Ao redor do sol Me ciclo É a cada 365 dias Gravidade 9,9 metros por segundo Atmosfera de ar Saturada em água até 2 % Toda vida Que nascem em mim É terra também Não excluo ninguém Nem do passado Nem do futuro Meu nome é Terra Flutuo no firmamento Tenho uma missão Transformar as sementes de vida Numa forma de viva Que alcance o eterno Que se comunique E que descubra Toda historia E então possa estar presente Naquele inicial abraço Que o espaço deu na matéria O ao mesmo tempo No beijo final Que a matéria dará na luz Enquanto isso Cuido das sementinhas Para que revele seu todo Sopro Plantas respiram Ao contrario Exalam oxigênio Animais sopram gás carbônico De volta para elas Os dois lados do sopro da vida Desconhecido Me deparo Com o desconhecido Ao minguar minhas resistências Recebo No máximo O silencio Nele escuto O convite Para materializá-lo Preenche-lo Com minha vida Com meu corpo Assim ser Vida Na sua vida Com posso Com o calor de umas poucas idéias Aquecer o sol Como ser útil Se o que tenho para dar São apenas resistências Matéria dura Com uma gota De consciência Meu corpo Todo fervilhando Em sentir a presença Vôo Faço o vôo cego Que me preparei Como piloto Não imaginava Que o faria Sem sair do lugar A imensa gratidão Por estar Neste tempo e lugar Por ter sido antecedido Por familiares Tão maravilhosos No empenho deles A adesão Silenciosa Tomo carona Na linha da vida Estendo-a aos meus filhos Entrego O que recebi O que não é meu Na consciência limitada Para realizar O vôo da vida Escrever Dou carona Enquanto eu também Sou caroneiro Nisso somos colegas Quem escreve e quem lê Em partes iguais Atento para O que está escrito Na natureza Nisso me lanço Para nessa vida Escrever Escrever O que está escrito Dentro de mim Minha bíblia Só tem paginas Em branco Esperam Ser escritas Com a luz E mas nada Que Se apague É lida Com olhos Do ser Ouvida No Silencio “Ah Se conhecêsseis O pai ” Universo Então Quando olho céu Sou nuvem Pode ser que encontre A passagem Para os significados Sem precisar Do porre Das idéias Da refringência Do pensamento Do ralentar da palavra Então num olhar Poderá estar Todo universo Encontro Em mim Há um coração puro De menino Somente Posso ouvir a vida Quando não ouço mais nada Somente Há energia quando Todo magnetismo se aquieta Aí ele aparece Claramente Inegociável Ai vejo o nome Que está escrito No vão das letras A luz que acha A fresta E toca Me toco Quando O encontro Frestas no átomo Nas galáxias Nos mundos Às vezes No silencio escuto O seu respirar Na presença silenciosa Brincando De luz e sombra Na alegria De estar Neste tempo Mãe Mãe é o universo Que abraça Pela manhã Que acolhe Como se hoje Fosse manhã de domingo Mãe que em silencio Dá o ar Dá vida Um imenso amor Que amou Primeiro Dele Somos descendentes Viemos do universo De célula em célula Esta impressa Esta vontade de conhecer De espreguiçar a psique Vontade de se alegrar De ir adiante Um desejo anterior Misturado de saudade E esquecimento Tantos estão dentro Mas num olhar Podem-se enxergar os movimentos Um código Um gestual Uma mensagem cifrada Que somente Cada um Pode entender Uma marca lá no fundo Quase invisível Que em tudo se expressa Opção Não sei Só sei Não ter outra opção Ao conceber O universo Queria algo de si A isto vou buscar Para isto meu corpo É antena E a mente um bisturi Quero decifrar a onda Que me invade Navego a humanidade Subo à ponte Ocupo meu lugar Vejo um universo delicado Constituído de infinitas formas Cores e expressões Uma constante explosão De amor E gozo Tão criativo Não se repete Não fica velho Está livre Pronto para a próxima Das mudanças Se aceita Não conflita Parte para outra Outra Forma Outro Tempo Outra Dimensão Não se gasta em manter-se Se renova Abertamente Atinge a cada momento Um grau mais profundo Na escala do intimo Na escala do conhecer-se E assim se acelera Em sua expansão O que o universo conhece em mim É o máximo Que posso dar para ele É o mínimo também Pois não há outra opção A não ser dar tudo O que equivale dizer Receber totalmente A minha herança A que esta dormente E preciso acordá-la A que está no tempo Perda Ao separar O céu da terra Criamos a dualidade Perdemos a jóia Ao confrontar O que se une Deixamos o brilho da matéria Ofuscar o brilho do céu ( Ou foi vice versa ? ) Não soubemos ver o céu e terra Como é constituído Não ouvimos os poetas Ficamos presos ao trilho Ceder ou não ceder Voltar ? Polarizados Acordamos ontem Ou dormimos hoje ? Céu e terra São um No eixo matéria energia O significado Viaja nele Rindo-se Hiato Complexo É ser a expressão individual De um ser coletivo Simples É ser a expressão coletiva De um ser individual Uma forma De se contar Como se é formado Nesse íntimo Funde-se Em complexidade Que vai precisar De mais tempo Para se conhecer Então Uma nova força Pode se interpor Um vetor Virado apenas Para dentro Gravitando A verdade Ainda não conhecida Se depositando No interior Da matéria Fazendo dela Apenas O que ela é Aprendendo De si mesma Sem tempo A terra É a condição Da vida O universo É a soma das possibilidades De se concretizar A vida é a chave A condição De se conhecer É o flash de luz Que rompe o escuro E dele se ocupa Quando chega Se encurva a si mesma Se reflete O homem gravitou Até o momento Em que ele refletiu Caminho das pedras A primeira palavra escrita Escreveu A historia Marcou a passagem Do ato reflexo Para o ato de refletir A diferenciação da vida Isto é a historia No saber escrever Porem a diferenciação será muito maior No dia que a humanidade Souber ler Ler O que já está escrito Dentro das coisas Ler No tempo A identidade da ordem Ler O coração pulsante Da matéria Ler O código da vida Que está escrito em cada um Então Não precisaremos mais andas No caminho das pedras Alta voltagem A lâmpada acesa É luz Calor e Energia Calor é matéria Energia é energia Luz é o significado Luz é o salto Da matéria Para a energia Mas a passagem direta Pode queimar Como numa voltagem muito alto E queimar a possibilidade Da compreensão Na paz A grande descoberta Que pode ser O relacionamento O atraso em avançar No significado É proteção de voltagem Pois se entendêssemos A Energia Não poderíamos mais viver assim Quarto estado da água Um campo de luz Assim poderíamos chamar Nosso planeta Dosagem de luz E sombra Em equilíbrio Um campo de água Em seus 4 estados Um campo de crescimento Uma esfera de atenção De convite Par subir Para elevar-se De um arranjo mais simples Para um mais complexo De uma percepção tênue A uma conciencia viva Um transe Então deste planeta Sairia uma meta energia Para o universo Ah, O quarto estado da água É a meta água É a água Não mais na matéria Matando a sede do universo Atalho no tempo O achei Sem procurar Ele me achou Era uma ponte Que ligava o momento presente Ao presente de todo momento Era uma passagem Na fresta De um segundo Conhecer A eternidade que há Num cisco de tempo O coração Ganhou Um passo ritmado Os olhos De tranqüilizaram Com o que viam As mãos Ficaram frias Como os pés A luz Se encheu de cor E as cores de significado A respiração Cadenciou Baixa O pensamento Não procurou problemas Tudo parecia em seu lugar Então vi Que há uma brecha Entre cada segundo Um presente Para quem Não esta com pressa Um presente Para quem não está No passado ou futuro Nem no grego A palavra presente Tem o duplo significado O presente que recebemos É o presente Contendo todo o tempo Assim é O tempo Recheado de infinitos Atalhos Passagens Que unem as dimensões Como a matéria É recheada De vazios Cada molécula Encerra um abismo Entre si e a outra Os átomos então São constituídos Do consistente nada Onde apenas Se pode expressar A carga em equilíbrio Pode um núcleo Duas mil vezes maior Se equilibrar com o elétron O quantum A menor parte da luz É matéria ardente É a letra Com que se escreve Toda palavra O tijolo De toda Criação Ainda assim É repleto De vazios Tudo é vazio Em tudo vibra A musica do universo Aquela Que acompanha O choro das crianças O beijo dos amantes O silencio entre duas mentes Quando concordam Então o vazio do espaço O silencio do som São atalhos do tempo A ausência de gravidade Pode ser sentida Lá na estratosfera ou no silencio As cargas magnéticas Podem ser como um raio Ou a tensão criadora Aquela que está presente Quando a gente está Com a pessoa amada O atalho Está Em qualquer lugar Toda matéria É janela Para o tempo O desejo De conhecer A verdade dos fatos Quando inunda De significado Tudo o que ocorre Assim a beleza É o lado estético Da verdade Ela tem o poder De levar A outra dimensão A um mundo de encantamento Onde funciona Outra causa e efeito Outra ordem Onde as de coisas Se expressam livres Num idioma expresso No abraço de um filho Na benção de um pai Então a passagem De uma dimensão para outra Se dá pela capacidade de ordem Tudo que existe Guarda em seu intimo Uma determinada formatação Nela cada coisa Tem a capacidade E acesso a um arranjo melhor Mais belo Verdadeiro Completo Mais unitivo Simples Sagrado Então vem O convite para conhecer O coração da matéria O pulsar dela Não está separado Do seu próprio A condensação da energia Em seu eixo De equilíbrio Sair dele Pode significar Radioatividade Calor Explosão E cinzas Mas o equilíbrio Gera um continuo Uma vontade de seguir assim Que leva à ordem A condição onde se satisfaz A natureza singular Permitindo manifestar O sentimento De estar resolvido Irreversivelmente livre Sem volta Ao conflito São muitos os nomes Que se pode dar Para este atalho Mas o importante É passar por sua porta de entrada Lançar-se por ela Sem garantias Nem a certeza Da permanência Apenas o estado De ser A pleno Bem humorado Relaxado Compreendedor Assim estar Intoxicado Pela vida Tucano Caminho batido Asfalto gasto Sol quente Fica esquecida A terra fresca Do sub solo Caminho de ida e volta De todo o dia Da mesma hora Uma linha de puxar Os pensamentos E receios Os buracos são conhecidos O desvio É automático Mas uma vez A cada cem Passa um tucano Voando para a mata Escoltado Por dois pequenos passarinhos Rouba toda atenção Em estonteante Amarelo cítrico Então até o asfalto Se torna colorido A vida faz sentido Tudo voa com ele Desafiando a gravidade E a aerodinâmica Vem o convite Para uma vida Sem espinhos Que não precise pensamentos Remédio e doenças Que nos faça vivos E se perceba O vôo do tucano Em cada caminho Placenta Nascemos Da vida No planeta A vida Que a vida Gera Toda vida é sagrada Pois toda Vem da mesma placenta A bolha de vida Que precisamos Até respirarmos Quando nascemos Não precisamos Mais dela Quando morremos Não precisamos Mais dele Vivemos a vida Ligados A ele Nele plantamos Nossas sementes Nela nossas melhores sementes Somos atraídos para o útero Como todo corpo Ao centro da Terra A atração Para o interior dele É gravidade A atração Para o interior dela É gravidez O planeta É a referencia De riquezas Ele que nos sustenta Devolve gravidade Em sustentabilidade Ela também O amor Nos sustenta Ela é A Célula de vida Ao nascer O bebe pesa o mesmo Que a placenta Por ela nos alimentamos Respiramos Nos sentimos vivos Ao nascer Não só O pulmão se abre Mas se cessa O fornecimento das energias Da placenta O mundo externo a mãe O frio e o ar Nos moldam o físico A placenta Como uma cápsula usada É descartada Pensamos na placenta Como se fosse da mãe Mas não é Ela é na gravidez E por toda a vida Do rebento (Rebento É o que é Benzido duas vezes ) Como um braço amputado Que pode ser sentido Mesmo muito tempo depois Ainda se pode Sentir a presença Da placenta Aquela entidade nutridora Fornecedora Dos elementos que precisamos Simetria O homem é A Consciência Que tem do mundo O mundo tem no homem A oportunidade Da consciência Ela pode brotar Quando houver condições Sem hostilidades Ela vem de paz Da solução dos processos No relacionamento Nela o universo todo Se recria Em ligações simétricas O cérebro é como uma nós Uma pequena semente De todo universo Nele se reproduzem Os mesmos processos Que formam o universo É um universo todo encolhido A espera de condições Para se expandir Isso o torna como Um preciso instrumento De simetria Um canal aberto Para o tempo Para a evolução Desde o primeiro momento Até o ultimo Estão escritos nele Um dial para freqüências Do surgimento ao ocaso De tudo o que há Consciência Consciência É um fenômeno Quântico Onde ocorrem as ligações neuronais Não é onde acende A fagulha do entendimento Em micro tubos Ligações complexas Se acendem reflexas Tudo interferem sobre elas O mundo todo forma Cada pensamento Recai sobre ele Como uma carga elétrica Não fica sem rumo O cérebro e assim Um campo Onde nada fica desconectado Um rodamoinho em silêncio Que pode captar todas freqüência Do caos à ordem Pode mergulhar numa ou noutra E lá permanecer Até expandir Ódio ou amor Divergência ou convergência Ruptura ou adesão É a própria natureza relativa Que encaminha em seu leito fluídico Aos superlativos Mas em sua natureza de silêncio Que se pode escutar Outro murmurar O que existia antes O que plasmou o agora Em seu passo anterior Então o cérebro Destitui-se de sua forma em eu E capta o todo Toca o silêncio onde fervilha Uma vida maior E mais duradora Escuta o rumor Como uma antiga canção Bem conhecida Anterior a si E mais duradoura Após tudo existirá E nela É como captar A formação do mundo O movimento da vida Do que a faz viva O que chega sem saber de onde vem Então apenas a paz Pode apontar Para origem ou destino E o universo espera Já esperou o todo tempo Toda a vida Espera agora um gesto Tem no coração humano A oportunidade de se saber Isso faz de cada ato humano Consoante a criação Consoante ao destino Se consciente Tem a alastrante conexão Com o sem tempo Sem ser perdido Sem ser inominável Sai da matéria para a energia Conhece a porta Por onde tudo o existe Precisou entrar Alma Como decifrar esta substancia Que permeia a vida Além do tempo Que dá sentido a cada gesto Carrega e recarrega Os sentidos É a ultima camada da vida Na qual ela própria vem E vai Vem para se saber Se tocar e misturar Para ser detectada Vem com sede de matéria Para nela se manifestar Ilimitadamente Para depois ir Como afirmação Como resposta Deslocando o eixo da vida Um ponto menos a jusante Entre a origem e o destino O ponto Em meio ao tudo Onde está o agora A alma humana é a flor Cultivada ao longo da criação Por milhões e milhões de anos E ao chegar aqui Transfere a capacidade De olhar através Além da matéria Além do eu Acima das nuvens E começar a decifrar A questão central da vida A sua constituição O que apenas por simetria Se pode ver E não fora dela Entre fumaças constatar O que se conhece apenas Na proporção de si mesmo A chance que somos Ao desvendar O que não está separado E vendo aqui Conhecer O que está lá Tocando com a ponta dos dedos Conhecer a natureza Do tocar o intocado Descortinar O que ficou referido Apenas em sonhos Ver O ficou fora das cores E da luz Ouvir as nuances Do longo do silencio Em suas escalas Adentrar ao vazio Semi infinito Que existe entre dois números Ocupar o sentido Que ficou sem lugar No confronto entre escolhas Conhecer o que reservava A possibilidade Que ficou descartada Saber pela ausência O significado do calor Que deixou Por que igualmente viemos Como ao conhecê-lo Voltamos para ele Na mesma medida Em que ocupamos Seus vazios Carne Encarnar Quer dizer Entrar na carne Mergulhar De cabeça Sem medidas Dar e receber A vida Como ela é Descubro O sentido Pelos sentidos Pode porem Uma inversão primeira Contaminar tudo Para encarnar O leve Deve se infundir no pesado Modifica-lo Ser um com ele E eleva-lo Só se encarna Quando se desce No fundo da matéria Mesmo Que o emborrachamento custe O preço da fusão São torpes Trôpegos Trinados Desafinados Como o som Do vento Não conhecem a harmonia Que só o tempo Trará Para isso há o tempo Como revelador do processo Tempo de cura A encarnação Traz a brotoeja A sarda da coagulação O ronco seco Do que não é mais Sutil Assim defronto As forcas Que nunca se encarnaram em mim Como cores Que se recusam A ser pintadas Pensamentos Que se satisfazem Enquanto tal Não fizeram o calo Do repetitivo esforço Da ferramenta Passou Ao lado Desencarnado Ficou Na garantia Do amor dos pais Ficou Na sombra Do ulme transplantado Ficou a salvo Do quebrar a cara Do toma dá Deixou vir E aceitou Sem resistência Ficando imune Ao clamor de vida Por refringência Se abrigou no divino Que o manteve menino Em conjunturas planas Não aprendeu o dentro Apenas O em cima E para cima Todo não santo Ajuda Em aviador Se travestiu De asas Em fazendeiro Em empresário Em bem suceder-se Ao casar-se pedir Para que ela junto Entrasse o disco voador Não poderia ser para ele As leis Já que não a gravidade As regras Já que jogara Outro jogo Estando a acima Das correntes E do entendimento Tranformando a solidão a um Em solidão Em grupo A inversão inicial Alastrada Por todas as áreas A repulsa da matéria Junto da vontade De penetra-la O mundo se apresentando Como palco Para ação Enquanto permanecia O conforto Da cochia Sem entrar Na historia Sê-la O fim chegou Numa tarde fria Os ossos derrubados Não se quebraram Pois era pouco O seu peso E o zero Lhe coube Inteiro Melhor O melhor de si É o espaço Do encarnar É onde Se encontra As marcas da construção É por onde brota As águas De própria grota A distração da vida É a de encarnar No outro Sendo assim Um parasita Da vida Deixado levar Apenas pelos olhos Que enxergam para fora Constituímos uma indentidade Visual Virtual Por não contatar o que somos Somos assim O que pensamos ser Damos espaço A preferências e gostos Distrações Deixamos de considerar O fio Que nos uni a vida O que ao fiar Puxamos O melhor de si O petróleo as avessas Não esta interrado Esta nos céus Encarnar é tão bom Que até as divindades Quiseram experimentar Incarnar é entrar em contato Com as infinitas possibilidades Possibilitadas pelo ser É um mistério tão grande Que preferimos então Reencarnar Para facilitar o entendimento E perpeuar O eu Mas alem do eu Há a passagem Para a dimensão do ser Aquela que não se chega Por acumulação de dados Nem por desejo A dimensão alem Do banco de dados Que juntos formamos Uma densa camada de pensamentos Que formata nossas vidas Definindo padrões Uma espécie de buffer Onde estão disponíveis Os dados considerados aceitos Por um critério Predefinido Pelo interesse de outros Para ele Construímos nossas expectativas E conjunturas É o horizonte conhecido O qual para alem dele É arriscar-se Sair do riscado Correr o risco de ter contra si A forca do acumulado Assim neste bufffer Esta os fundamentos da economia Da natureza neo liberal Esta a historia De buscar o bem E fugir da dor Esta a calcinação Da liberdade de expressão E da bondade Esta a fragmentação E a falsa idéia Que ela faz sentido Esta o julgamento e condenação Pré estabelecido Ao que o possa perturbar Então errar Ousar Fazer curva Lembro do medo De viver tão certinho E não chegar a nada Sair do aprisionamento Que os outros fazem em mim É encarnar O espírito teme Ficar desprezado Mas não se manifesta Fica somado Aos grandes tesouros Que estão perdidos A espera que possam ser achados No interior daquele Que seriamente quer a vida Há pois que descer E se colocar Onde a vida está Não viver Para justificar Essa ou outra idéia Que pertencem todas Indistintamente Ao mesmo balaio Que se produz no encontro Da pouca inteligência Com a superficialidade moral É onde estamos Estacionados por séculos Confortavelmente Encarnar O sexo É encarnar No outro É a linha material Pela qual puxamos A existência A cada uma Uma aposta Na possibilidade da vida O romance É alimentado Pela presença do outro em si Um outro capaz De redimir a solidão E a chateação própria Alguém que venha Ajudar a carregar O que não conseguimos Espelhos A possibilidade Do pior de mim Também está presente O gatilho Que a deflagra Esta a cada momento O medo dele O torna mais forte Mais disfarçado O pior em mim É um grande alerta Que mantem acordado Todos os pecados do mundo Estão em mim Escrito em código Toda violência Que a vida acumulou Por milhões de anos Encarar É encarnar É superar Com calma e cuidado Descer aos abismos Da alma humana Ver sua extensão Nos acordos e decisões Mais comuns Encarar Sem brigar Sem se emaranhar Então a percepção De toda fragilidade Da vida Uma obra delicada O que a faz Tão valiosa A noção do melhor de mim Encarna o mais central De toda vida A responsabilidade De pilotar O tempo De colocar-se corretamente Na esteira Do âmago da vida Já a noção do pior de mim Descortina a extrema beleza Da constituição nossa Construída sobre o acumulado da dor Que pode ser superada Pelo sorriso A responsabilidade De estar sempre cuidando Sem garantias Então Viver É uma arte De entrar na vida Ao mesmo tempo Que a vida entra na gente Ao encarnar Usa o tempo Para construir o eterno Possibilidade Venho trabalhando a algum tempo Uma sensação que me invade Com profunda relevância Considero o tempo Essa vastíssima quantidade Bilhões de anos Considero a massa Bilhões de galacias Cada uma com bilhões de sois Nossa vida E uma ocorrência espetacular No universo Como podem ser tantas outras Que as possibilidades criativas Podem alcançar Mas em toda matéria H’a um imprit Uma verdade estampada por dentro E seguindo este fluxo Vamos acompanhar O desenrolar da linha da vida Essa linha que conhecemos Nessa formatação Que nos faz humanos A vida segue E busca no seu intimo Mais consciência Sobre si Sobre tudo Sobre sua origem e fim Nesta viagem metafísica H’a o despertar de novos horizontes Ao despertar de cada ser Como se corroborassem Para a criação de um campo Uma aura que envolvesse a todos Um campo humano Apontado para algo Superior Nisso temos gasto Nossas vidas A milhares de anos Nos esforçamos em religiões Ritos rituais mantras Toda sorte de divindades Nos esmeramos em criar formas De chegar mais perto Do céu Talvez não tenhamos notado O tanto que já esta escrito Em nossa alma humana E ao que Esta consciência Aponta Algo que não pode ser apenas lido Deve ser sentido E ai o viez dos sentimentos Mas ao desentoxicar os sentidos Estes podem apontar Para uma curiosa direção A de que o cérebro ‘e individual Mas a mente, a consciência Não Ao ampliar a base da consciência Ampliamos a bolha de luz Que nos permite enxergar E que traz em si mesma Uma determinante ascendente Que diz respeito a todos Então cada ato humano Cada passo Pertence a toda humanidade Cada entendimento Contribui Para elevar a todos Todos homens elevados Profetas e santos Expandiram essa base Cada atitude nossa Esta ligada a expansão Ou a mesmice Essa sendo Apenas uma manutenção ou continuísmo Do nível do ser presente Então existe um convite Para usarmos nossas vidas Na expansão da consciência Criando as condições Da manifestação Da criação A que vem anterior A que esta presente A que deve continuar E que para isso Quer se utilizar Do interior humano Tem no interior humano O seu canteiro de obras Sua materialidade Então surge uma forma de ver a vida Comprometida com toda a vida Com todo o ser Ao entender O conteúdo do imprint Escrito em cada coração Ao se aceitar o convite Para manifestar o conteúdo do intimo No que fazemos Ao sentirmo-nos A ponta da flexa Lançada no principio O ponto avançado Que toca por primeiro O fim Os passageiros da linha da vida Que descobrem em si Serem seus condutores Construir o divino Construir o divino Eis o chamado Da humanidade Parece ilógico Pensar que um deus Esta a disposição Que fica de plantão Com um mecanismo De castigo ou merecimento Que usa a moral Como nos foi ensinada Porem ‘e bondoso Não parece lógico Que tenha predileção Desta a outra era Que estava ausente no jurássico Que permitiu a extinção De todos os dinossauros Parece improvável Que goste de ficar invisível Que permita o sofrimento Que espere nossa conversão Para enfim com sua graça Dar o perdão a algo feito por um antepassado Este deus Se junta a outros 300 deuses indus E outros mil deuses sofis Este ‘e o deus Que o homem criou Segundo a semelhança de sua ignorância E infelismente Ao deus a que estão condenados Milhões de crentes Um deus de trocas Que gosta de ser bajulado Que atende a pedidos De vez em quando um milagre Para não ficar desapercebido Ou envia um grande profeta Espasmo de luz Flashes para iluminar Centelhas esporádicas Numa multidão Que caminha No escuro A cada milênio Se entretem de um jeito Se imposta de uma forma Num horizonte apenas De poucas gerações De pouco entendimento E movido por seus sofrimentos Se joga na correnteza das paixões E vive correndo atrás Oh the lonely people They don’t know where come from They don’t knew who they belong Fomos contabilizados Pertencentes a reinados Principados e papas Fomos queimados por pensar diferente Fuzilados por ditadores H’a poucos anos atrás Nossas leis são uma colcha de retalhos Feitas para agradar Manter a maquina do governo A defesa do líder Ou do partido do líder Ou de seu guerreiro A historia e cheia De decisões erradas Que feriram a base da vida Guerras estúpidas Mortes Trabalho forcado Escravidão Dominação Tributos obrigatórios E para quem nasce dentro da corrente Cabe apenas Aceita-la e engorda-la Esta correnteza E a madrasta invisível Que nos roubou de nossa mãe Uma natureza Que não esta ai Para ser bucólica Que tem leis físicas que entendidas Transformaria as outras leis Em sem sentido Que se descortinada Revelaria uma forma de vida Completamente diferente Vida A vida E muito Antiga E e’ imperioso entender Seu processo Seu desenrolar Sua origem Esta escrita na química Dentro de cada célula E uma matéria de estudo isolada Sempre foi incapaz De ir la no fundo Onde se e preciso ir Para desvendar Os seus segredos Física , astrofísica, cosmologia Química, bioquímica, metaquimica Psicologia ,transpsicologia , estudo do ser E sempre quem quis abraçar tudo isso Era uma especio De gênio charope Um crente desequilibrado Um ateu revoltado Um louquinho Quando em grupos Se transformavam em seitas Ou fundavam religiões E prometer salvação E tão antigo Que condenar a escravidão Prometer liberdades e paraísos Na outra vida Na troca por adesão ao deus nesta Assim nos muitiplicamos Em anestesiados cérebros Incapasez de ir alem do funcional Somos condenados A viver a hegemonia do dinheiro E a suas impiedosas leis Nos fomos inseridos não no mundo Mas ao mercado Ao mundo mercado Fomos divididos Em paises ricos e pobres Poderosos e vassalos Mudamos as formas Mas ainda No mesmo conteúdo Toda forma de arranjo mais inteligente E’ pelos poderosos Sempre cooptada Também como e’ ompossivel Desmontar uma milenar maquina Pelo lado de dentro Tudo que ‘e feito contra ela Acaba sendo incorporada a ela Como melhoria E assim ficamos cada vez mais a mercê De um sistema de servidao E pertencimento Pertencemos a uma cultuta A uma moda A um tempo Usaremos os tóxicos disponiveis E veremos ser arrastados Milhões de inconformados E daremos a resposta Somente para aqueles Que fizerem uma pergunta Como se somar Se incorporar As formas de vida dominante Todos queremos ser americanos Daqueles que vemos em filmes Ricos em lindas casas Com filhos brincando Num quintal Sem cerquinhas Enquanto a mãe cuida da casa E o pae chega do trabalho A tardinha Todos queremos os bens de consumo De viagens a computadores Todoas as facilidade eletrodomensticas Todos queremos boas escolas Um teatro por perto Uma praça Dinheiro para gastar E um bom líder Para permitir a continuidade disso Todos queremos ter privacidade Para fazer o que quizer Dentro de nossas casas Queremos sexo Queremos o prazer Quanto mais melhor Não nos importamos Se temos que o buscar Repetidas vezes Que nos cansamos E nos enjoamos Com a repetição Então inventamos variações Coberturas de chocolate Gratinados e sex shops Mas não deixamos A peteca cair O show deve continuar Então ensinamos aos filhos Perigosas meia verdades Que os arrastarao para dentro da correnteza Estragamos o meio ambiente Na mesma proporção Que devastamos o interior da alma E surgimos como substrato De um estrago acumulado E irreversível Quando morre alguém Encomendamos a alma E o enterramos rapidinho Evitamos visitas de criancas Para que não conheçam Seu enfadonho fim Para que cresçam sorridentes Ao longo da ignorância Para que estão fadadas Criamos paraísos para os enviar E tememos que no fundo Não cheguem a nenhum lugar Trocamos estes medos Por crenças anestesiadoras Por vidas passadas e futuras Tudo Para evitar A vida presente Aquela que teríamos Que nos dedicar Para entender Que teríamos que mergulhar Sabendo que teríamos que deixar Muita coisa para traz Que teríamos que ir contra o mundo E contra todos Então não teríamos tanta energia Então sucumbimos Nos entregamos e pedimod Mais uma doze do tranqüilizante habitual Diferente A coisa pode ser diferente Já vimos que sozinhos E’ impossível de romper a camada Quem sabe juntos Quem sabe podemos partir De outro ponto de partida Quero ser parte de deus Para não morrer Para não sofrer Não não entediar Quero beber a água Que não tenha Que bebe-la sempre de novo Quero um prazer Que não tenha que procura-lo Sempre de novo Quero participar Da terefa De criar deus Da ignição a um deus Sem batalhas ou revoluções Sem destruir tudo que esta ai Num primeiro momento Aceitar o rumo Que vem tomando a historia Reconhecer o sofrimento Que sempre acompanhou Cada ser vivo Não querer mudar isso Mas aceitar Este rumo ate aqui Sentir que em seu coração Esta escrito o imprint Mesmo que não o saibamos ler Seus sinais e códigos Estão num idioma Por nos desconhecido Mas esta escrito Construtor de deus Em alguma língua Parte de deus Pedacinho de deus Filho de deus Um filho que vai crescer Que um dia Vai ser irmão dele Vai ser como ele Vai ser ele Se puder ler seu coração Gens Vivo a transição De meus gens Em gente Vivo a possibilidade De dar vida As possibilidades Enquanto vivo neste momento Reúno as condições de vida Que estavam separadas no universo Então o contraio E dele estraio A seiva do entendimento Quero passar pela zona Onde esta transição Procura apenas a si mesmo Agora a ultrapasso Onde o universo quer se explicar E não o entendo Mas este sentimento Me acompanha Desde menino Então como menino Me lanço no universo Como seu contrator O contraio como dor de parto E disso espero nascer O novo O que venha para todos Que responda para todos O que possa passar pelo silencio Respeito A tremenda vontade De seguir da vida Que aposta loucamente No sexo e na emocionalidade Como seus vetores Mas o que quer É apenas seguir seguindo Se possível em algo melhor Então respeito sua segunda vertente A de mergulhar Na escuridão e na ausência Supero a sensação de solidão E parto de novo Abro os braços Me deixo cercar Pelo que nunca pode Se aproximar de nada Ondas cores e sons Que não puderam Ser conectadas São as perdas Nunca antes ganhas Por nenhuma batalha Como um presente Se aproximam E tocam Como meus dedos No teclado deste computador Eu sou teclado E manifesto O que o universo Tem guardado Nuvens de gás Peso de fumaça Atração de átomos Um gélido confortável Primal embrionário Quer luz Quero o amor Que seja bom Para mim O melhor de mim É a razão De minha vida É o motivo pelo qual O universo se contorceu Para cada nova vida A cada momento Há a possibilidade De se manter no foco Isto é na ordem E sentir a germinação Que a vida provoca Como há a possibilidade De uma redução No não melhor Uma mentira ou medo Falso amor próprio E bumba Ficamos plenamente justificados Socialmente e culturalmente Porem vazios Aceitamos Um estranho Vivendo dentro Ficamos emborrachados E precisaremos de drogas fortes Para nos sentirmos vivos Torcer por times Tornamos nacionalistas Fies a religiões Ficamos a deriva Esperando que alguém Possa nos salvar Olhando o universo Constatamos que suas verdades Estão alicerçadas dentro Sapo protegidas Por uma camada De silencio e paz Apresentam estrutura bela São harmoniosas Florescem na aceitação de si Há um cimento Que une as células Átomos e moléculas Um traço de união Tênue Quase invisível Que é operado Por um bec Co Sinto a vida Como um navio de ferro Que atravessa mares Terras, idiomas Como um cortiço de quarteirão Damas e dramas Domínios , reinados Como uma densa mata Cheirosa e cigarrenta Travada Como o riso de menina Pergunta e desenho Carinho Mais novo Cada manha Acordo Mais novo Retrocedo O tempo Descomplico Vejo cicatrizar A fenda Da escuridão Me resumo Em espírito Em luz Me sinto mais vivo Pronto Para brincar Menos exigente Mais curioso De onde tudo vai dar Acordo menos Penso menos Sou mais Chamado Construir deus Eis o chamado Da humanidade Parece ilógico Pensar que um deus Esta a disposição Que fica de plantão Com um mecanismo De castigo ou merecimento Que usa a moral Como nos foi ensinada Porem ‘e bondoso Não parece lógico Que tenha predileção Desta a outra era Que estava ausente no jurássico Que permitiu a extinção De todos os dinossauros Parece improvável Que goste de ficar invisível Que permita o sofrimento Que espere nossa conversão Para enfim com sua graça Dar o perdão a algo feito por um antepassado Este deus Se junta a outros 300 deuses indus E outros mil deuses sofis Este ‘e o deus Que o homem criou Segundo a semelhança de sua ignorância E infelismente Ao deus a que estão condenados Milhões de crentes Um deus de trocas Que gosta de ser bajulado Que atende a pedidos De vez em quando um milagre Para não ficar desapercebido Ou envia um grande profeta Espasmo de luz Flashes para iluminar Centelhas esporádicas Numa multidão Que caminha No escuro A cada milênio Se entretem de um jeito Se imposta de uma forma Num horizonte apenas De poucas gerações De pouco entendimento E movido por seus sofrimentos Se joga na correnteza das paixões E vive correndo atrás Oh the lonely people They don’t know where come from They don’t knew who they belong Fomos contabilizados Pertencentes a reinados Principados e papas Fomos queimados por pensar diferente Fuzilados por ditadores H’a poucos anos atrás Nossas leis são uma colcha de retalhos Feitas para agradar Manter a maquina do governo A defesa do líder Ou do partido do líder Ou de seu guerreiro A historia e cheia De decisões erradas Que feriram a base da vida Guerras estúpidas Mortes Trabalho forcado Escravidão Dominação Tributos obrigatórios E para quem nasce dentro da corrente Cabe apenas Aceita-la e engorda-la Esta correnteza E a madrasta invisível Que nos roubou de nossa mãe Uma natureza Que não esta ai Para ser bucólica Que tem leis físicas que entendidas Transformaria as outras leis Em sem sentido Que se descortinada Revelaria uma forma de vida Completamente diferente Coisa A coisa pode ser diferente Já vimos que sozinhos E’ impossível de romper a camada Quem sabe juntos Quem sabe podemos partir De outro ponto de partida

Diário de Bordo

Domingo 13 de fevereiro 2005 Aeroporto de Pampulha Espera do vôo 1759 Destino Viracopos Lá me espera um amigo E tantas recordações Da infância O sentimento de amizade Oportuno e presente Há tantas décadas É um vôo de retorno Passado e futuro Nesta semana cheia pela frente Sinto de interromper a tarde Agradável de domingo Com os meus Porem é mais um dia Do longo período que vivemos Desde o começo das férias Foi um tempo bom Foi útil para Desamassar as fibras Foi muito bom Para recuperar a proximidade Com eles Sou mais realizado Sei da pureza e honestidade Dos meus sentimentos Sei o quanto Podemos ir longe Ate o infinito Já estou a bordo Na ultima fileira Janelinha 24 A Me sinto bem aqui no fundo Entrei pela porta de traz e sentei O aeroporto opera Cabeceira 31 Fato raro De certa forma Parece estar Tudo invertido É a primeira vez Que faço este vôo Para Campinas Lembro-me de comparar O clima de B.H Com o de lá Lugares com clima Menos instável Muito céu azul Agora a tarde Nublado alto em 6/8 Stratus adornam o Horizonte É meu primeiro vôo deste ano Quantos outros Me esperam... Push back Começa nova aventura Para frente e para o alto Subiremos a alturas Compatíveis Com o cruzar dos Andes Andaremos tão rápido Que nos igualaremos A balas de fuzil Mas por enquanto Nos arrastamos lentamente Rumo a cabeceira 31 O vento noroeste Trouxe nuvens de chuva E esta mudança Letícia me trouxe Ate o aeroporto As crianças ficaram Estavam matando saudades Da prima querida Que os visitou Conversamos sobre ontem Do que descobrimos Sobre nos mesmos Um estado duradouro De sentir o fervilhamento Num ponto no centro do cérebro Hoje pela manha Acordei muito leve Me sentia ainda em suspensão Senti uma perna fininha Repousada ao meu lado Era de Thales Fomos para a piscina azul Do clube aquecida Nossa praia Tomamos sol Nos demos a leitura Juntos Demos uma olhada E uma molhada Na Folha e na Veja Começa a decolagem Pulamos um pouco Até o ultimo tranco A chuva vem vindo Voamos sobre a cidade Mineirão cheio de gente Chegamos as nuvens E logo saímos delas Para o puro azul Que espetáculo O tempo feio Fica imediatamente esquecido O azul É a marca registrada Da Terra Curva a esquerda Continuamos subindo Um porre de azul O vôo se estabiliza As pernas ficam preguiçosas O corpo muda de peso Forças opostas Sinto contra o banco Para baixo e para traz Nuvens amarradas Desenham aquarelas No fundo verde A nuvem vista por cima É uma obra de arte Da galeria do céu Algumas são rococó Outras despojadas Todas lindas Saboreio uma castanha do Pará E suco de maçã Me alimento da vista Sobre Poços de Caldas Começa a decida Campinas com 28 graus Nos aproximamos Cruzamos as nuvens Num milagre chegamos Mantenho a sensação De nunca ter realmente chegado Em qualquer lugar que vá Silencio nas turbinas Conhecerei agora as vantagens De descer pela escadinha de traz Não acredito Fizemos o negocio Depois de duas semanas Compramos os moldes De um lindo barco De quarenta e tantos pés Ainda deve ser construído Porem esta é A melhor parte Aprenderei a me organizar E tocar a obra Quando tiver os recursos Por enquanto Sinto a alegria Do infinito das possibilidades Levamos os moldes para Avaré Na mesma oficina Que fizemos o Home World Ali esperam o momento De dar vida a um barco Uma luz sobre as águas Na empresa a continua tarefa De colocar em ordem Camadas e camadas de papeis Saudades Longas conversas Ao telefone Um alimento Que não mata a fome Apenas a revela Campinas -> BH Poltrona 1f Não existe Este avião começa em 2 F Portanto 1F deve ser O lugar do co-piloto 19 de fevereiro Manhã iluminada de sábado Linda desde cedo Acordei as 7:30 As 8:00 no pedágio Viracopos as 10:00 BH debaixo de chuva Por aqui Choveu a noite toda Depois de amanha Retorno para Campinas E Avaré sucessivamente Sempre voando Me tornarei avoado Se já não for o bastante Não tenho mais avião Porem me sinto muito mais Confortável assim Não temo saber Que o destino esta sob chuvas Rota complicada Não me exaspero em fazer Rotas alternativas Sempre pensando negativamente Assumo minha co-pilotagem Seguro e tranqüilo Nesta janelinha Eles guiam olhando Os mapas terrestres Eu vou pelos do céu Janelinha F boreste O lado que se vê a Mantiqueira Se sente o cheiro do mar È bom decolar de Campinas Foi daqui que parti No meu primeiro vôo Era julho de 1967 E sentado num Braniff DC 8 Nunca mais fui o mesmo Era um menino Até colocar o pé No primeiro degrau da escada Quando desci em Lima Era um mocinho Levava comigo as turbinas Descubrira o chamado do alto De ter um coração grande Num mundo pequeno Estas mesmas luzes azuis Cortavam minha alma de navegador Como se fosse para Marte O cheiro do ar condicionado Me levara a uma outra pátria Um mundo acima deste Lembro da aeromoça Demonstrando o salva vidas Vestindo-o com dificuldade Era meu rito de passagem Ao meu lado minha irmã Na frente meus pais Quando soou a turbina Gravei O agudo do grave Escrevi em minha alma Nasci Para isto aqui Viracopos Vira vidas Vira menino em homem Push back É tão confortável este vôo Mexe comigo Daqui decolei para Santiago Todas as 3 viagens Que fiz para aqueles amigos Tenho uma tendência andina Ao decolar Deste viradouro Vejo pela janela Dois velhos 707 Sete velho setes Gostaria que voassem Pois em meus sonhos Eles estão nos céus Nele cruzei o Atlântico em 1973 11 horas ate Paris Me sentia como numa gestação E ao sair e contemplar A estrelinha da Varig Era como uma mãe A silhueta dos 707 Uma sensação tremenda De gratidão Preparar para decolagem E pronto Começamos Decola suave Ronquinho estridente Do flou desta turbina ao meu lado Após curva a esquerda A diminuição da rotação Para 80 % Sobre as Bandeirantes Aproximamos de Valinhos Passamos sobre o Sitio Casa de Valinhos Que lugar querido Quantos momentos felizes Montanhas de Valinhos Quem sabe assim Acho a casa de Marcel Continuamos subindo Estico as pernas Na proa de Varginha Afastando de São Paulo Deixamos para lá Nuvens acinzentadas Subida em 3/8 de baixo stratus Restrição de altura Vamos a 12 mil pés Aqui cruzamos com o sul Da Academia de Pirassununga Pode estar com algum exercício Nova curva a esquerda Represa de Igaraçu Nazaré Paulista Águas limpas Um presente Para São Paulo Começa o zig zag Fernão Dias lá em Baixo Altos stratus aqui em cima Perdemos o contato com a terra Agora nossa pátria São as alturas Cruzamos com uma super nuvem Vem da montanha até aqui E passa mais um tanto 25 mil pés Aqui todas São de puro algodão Se desmanchando Com o contato Com o vento Tão arredondadas São formas individuadas Espalhafatosas Como descrever Este espetáculo Da natureza Nuvens altas aqui A menos 25 graus E ainda fofinhas Não deveriam estar contraídas Congeladas E cristalizadas em gelo ? Não Continuam a ter A memória de vapor Como beijos e sonhos Ainda quentinhos Na padaria Sem os sonhos As nuvens seriam Incorrespondidas Nivelamos a 38 mil pés Que lindo dia Que vôo Avião novo Quantos milhões de dólares Vale cada cent È a ponte No limite do imaginário No planeta Lembrei que estou Ainda de jejum Talvez por isso a fome À medida que avançamos ao leste Entramos sob um lençol De sua alta camada É como uma espuma Longa membrana Por infindáveis espaços Apenas filtram Uma pequena parte da luz Que as atravessa Filtros solares Que se iluminam E tudo ao seu redor Curva a esquerda Bloqueio do VOR Começa a descida Reduzindo a potencia Começa a lenta e controlada Despencagem O corpo leve A respiração confortável A boa sensação Sou um ponto no céu Dentro de uma flecha Que cai A 900 Km por hora Só se prende a mim O essencial Me renovo A cada segundo 14 kilometros Realizo minha sede pelo alto E de todos os antepassados Em mim Comunico a cada célula Que é possível Abro minhas asas Mesmo sendo corpo Mesmo sendo homem Mesmo sendo só O ruído das turbinas É musica Aos ouvidos Musica da tecnologia Do estudo da engenharia Do conhecimento do interior humano Uma faixa de 50 minutos Onde escuto O que vem de dentro Nessa velocidade Nesta direção Perco alguns segundos Isto se Einstein estiver certo Quanto à compressividade do tempo Refletir o espaço O segundo que perdi E relação a todos que estão no chão É a porta do eterno A grandes velocidades Diminui-se a sustentabilidade Então caio em mim Não pela proximidade da onda de choque Mas pelo choque Que me traz esta onda Sem sustentação O vôo se dá Em pequenas escorregadelas Compensadas por mecanismos Da a sensação De ar pastoso Assim escorrego também Deslizo sem freio Pela fresta do tempo Sinto meu corpo mais e mais pesado Estamos descendo rápido Minha mão esta pesada A letra ficou pequena Minhas pálpebras Pesam kilos Pequenos estalinhos No meio da cabeça Sangue parece efervescer O sono me abduz Escuto o silencio Tudo para O avião toca o solo Sacoleja em freada Pampulha Aos poucos chego E vou entrando Em mim Nem acredito Que em poucos minutos Serão eles 21 de fevereiro Manhã de segunda-feira BH em azul Amanheceu novo dia Á noite Estrelas brilhavam Acordar docemente Com a camisa Do avesso Ver o despertar da casa Como a afinação de um concerto Instrumento por instrumento Despertar a família Aquela qualidade não individual Que alimenta a alma Assim foi pela manhã Quando fizemos as lições Juntos Escrevemos o novo caderno Que Nathalia Sentiu as palavras Foi concerto Quando fomos ao exame de Letícia E passou a fibra ótica por seu nariz E de uma TV se revelaram Os segredos do céu da boca Palato e cordas vocais Vi em cores Cada recôndito Das passagens respiratórias Foi o passeio que realizei Por mais outra Aberturas de seu ser Rumino Como forma de assimilação O que vivo Para não correr o risco De estar despreparado Na hora da verdade Pampulha Aguardando o vôo BH- Campinas São 17:00 O avião que me levará Acabou de pousar Imenso pássaro Exibe o branco Da paz Cai a tarde em cores Inunda a janela do segundo andar Do terminal de embarque Já abordo do 1759 Poltrona 2 F Push Back É sempre bom voar Taxiamos lentamente Aguardamos atrás de um Airbus Voaremos contra o por do sol Para o oeste Como tem feito a humanidade A tarde é suave Os céus levemente coberto 3/8 de baixos stratus Acendemos as turbinas Como um paradoxo ser Enfurecido gentilmente Como o corpo De um sonho antigo De voar Não há acordamento Que me separe Dele Sinto a emoção E atração Que faz os céus Sou um ponto A ser sugado Pólo infinito Hoje pela manha Com Nathalia de 10 Estudávamos Saturno E ao saber das 16 luas Larissa , de 7, indagou “E quantos sois ? ” Apenas um O mesmo O nosso Sol que anima E dá ritmo A vida de seus planetas E alem dele Muitos dele Muitíssimos sois Se fazem de lanterna Para termos o privilegio De conhecer o infinito Só há verdade Quando se está Face ao infinito Não há consciência Em ambiente fora Da luz E o sol È nosso endereço No universo Sua luz é inspiradora Para o vazio Do infinito Na resposta de Larissa Pode parecer pouco Apenas um sol Mas é muito É o passaporte Para a vida Fomos arrancados Da química Pela luz Átomo por átomo Mãe matéria Pai luz A luz para a qual Não encontra Resistência E assim nos desenvolvemos Muito Muito lentamente No curso da luz Da consciência Como filhos do Pai A luz rosada Se espalha Nas encostas das montanhas As estradas Se destacam pelas linhas Não mais pelas cores A saída para Brasília Pois o caminho De J.K Cruzamos nuvens Leves e inconsistentes E subimos mais Que lindo é ver Daqui O rosto do Brasil Como é curioso saber Que estas características físicas Estão presente em todos Obedecemos à química À biologia Como um corpo à gravidade Recebo um beijo Do sol Em toda sua luz É o encontro Entre Pai e filho Matéria e essência E como filho Procuro a luz Que há em cada coisa Cada fato Cada ser Cada ocorrência Busco o que está escondido Nas intenções No intimo das coisas Anseio por conhecer O interior vedado De cada verdade Conhecer o significado De Viver Sinto um convite Ao silencio Fecho os olhos 22 de fevereiro Manha de sol Saindo de Avaré para Cerqueira César Solavancos me fazem perceber Que caminho Por uma estrada brasileira Na caminhonete branca Subo e desço Estas colinas O que faço desde 1993 Quando mudei para Avaré Quanto tempo E desde lá Utilizo este caminho Todos os dias Fazendo as contas são Cento e setenta e dois mil kilometros Algumas voltas ao mundo Giro o mundo Quando viajo Por esta mesma estrada Como uma vida Mesmo curta Reflete o eterno Esta estrada Mesmo apenas 30 kilometros Reflete todo mundo Nela me associo Nela me deixo levar Me solto E solto a vida em mim Para que tome A sua forma Assumo que muito faço Quando apenas Não atrapalho Campinas 25 de fevereiro 2005 Saio um dia antes daqui Chego lá um dia depois Farei umas escalas Pararei dois dias Com um amigo Que fica no caminho Manaus ! Mais ao norte Amizade, mais ao centro Começa aqui o vôo Que realizo Sem pressa Graças a milhagem acumulada Que patrocina Este meu vôo Amanheci em casa Avaré as 5:00 E parti Chegando a Viracopos Emiti os tickets Com todas escala Em todos pedi janela Esqueci De pedir comida vegetariana Agora é hora De partir Primeira etapa Galeão Campinas – Rio de Janeiro É muito bom Ir para o Rio Vamos voar praticamente Apenas em uma latitude Proa leste verdadeiro Com a declinação 108 A mesma velocidade Que gosto de dirigir a Castello Campinas cresceu muito Em transporte de cargas Dois MD 11 aguardam no pátio O sol da manha Espanta a chuva preguiçosa Difusa pelo Sudoeste É um vôo Varig Apesar da milhagem Ter sido Tam Rio de Janeiro Que lindo destino A cidade mais linda do mundo Neste 737 Varig Sinto-me Em boas mãos Varig representa Bem mais Que uma companhia aérea Push back suave Lembro-me com alegria De ver Varigs 707 em Orly ou JFK DC-10 em tantos Lugares 747 em Narita Era como ver o Brasil Em cada aeronave Minha casa aérea Era um sinal de inclusão Dos céus do Brasil Nos céus do mundo Ao entrar na aeronave Me sentia Entrando no Brasil Ao ver o sorriso da atendente E falando em português Tem guaraná ? Quebrar um jejum De falar português E ficar num hiato sem idioma Olhar a estrela da cauda Era proporcional A bandeira brasileira Como a Aquarela De Ari Barroso Esta para o hino É uma longa pista A de Campinas Um convite para uma longa viagem Começa a decolagem Com suave assobio Ganhamos altura Curva a esquerda Nuvenzinhas isoladas Aqui e ali Via Bandeirantes Pedágio de Campinas Que bom estar por cima Anhanguera Mais velha Mais estreita A linda serra do Japí Onde gastei Uma das sete vidas de gato Voando baixo Numa tarde chuvosa Poderia ter ficado por lá Piloto ainda inexperiente Resolvi voar baixo Sem visibilidade Um erro de 15 graus Me levou ao rasante Que quase levou muitos vindos anos Piloto novo Dá muito trabalho Para anjo da guarda Quantas horas de vôo São necessárias para desenvolver A astúcia cautelosa Meu anjo teve que trocar de penas Muitas vezes Quantas ainda por vir Vejo A Mantiqueira E alem dela O oceano O céu marcado por jet streams Umas correntezas de ar Bem superiores Um edredon de algodão Ainda recobre as montanhas E seus vales As nuvem ficam mais brancas Indo para o leste E se afastando de São Paulo Ficam tão branquinhas Que até parece Feriado O azul se refina também A medida que Se abrem os céus O inconfundível azul sobre o mar Sem inibição Azul top less Servem um lanchinho Estou varado de fome Comerei ao menos o pão A gentil aeromoça Me ofereceu A sua salada de frutas É a primeira refeição Primeira colação Como dizem os italianos Colação deve vir Das tripas colando umas as outras De tanta fome O cheiro de peito de peru Confere a este vôo Um odor de vôo internacional Sinto uma grande alegria Da oportunidade Deste vôo Que delicia esta cereja Pena que veio Apenas uma Cruzamos a serra E iremos fazer a rota Ao longo do mar Que delicia Um passeio de aero barco Pelo mais lindo litoral O mar Azul mar azul Copia os céus Que lindo Você é bem vindo Neste dia Voamos bem sobre Ubatuba E o litoral todo recortado Sua marca Praias do norte Ponta da Joatinga Parati Mergulho com os olhos Nestas frescas e verdes Águas Que aula de geografia Olhar a coisa real é muito mais Que olhar o mapa Agora pipocam ilhas Ilhas e mais ilhas Angra dos Reis Não sei que reis são estes Mas sei uma coisa Tem bom gosto Que lindas O aeroporto e Verolme Começa a nossa descida Posso sentir O cheiro do mar A maciez de suas espumas O avião embala Se tinha algum atraso Tirou agora Ao longe A monótona Restinga da Marambaia Curva a esquerda Senão pousaremos Em Jacarepaguá Aqui algumas nuvens nos esperam Encobrem parcialmente Valorizam o que se pode ver O Rio de Janeiro Em pleno Fevereiro Rio o ano todo Pareço voar Um daqueles velhos Cartões postais Sou um cartão postal Enquanto escrevo O outro lado O contato com o belo Liberta Engrandece A beleza É a verdade Expressa graficamente O contorno da Guanabara O Pão de Açúcar rodeado por nuvens Hoje com mais açúcar Procuro por Cristo Não o vejo Mas sei que esta lá Parece fé Mas é Apenas geografia Campo Grande ou outro Bairro pobre da periferia Tem seguramente escola de samba Aeroporto Tom Jobim Inspira a musicalidade Dos roncos e assobios de jato Estamos chegando 9:00 da manha Já parece dia quente Uns canais da Ilha do Governador E reta final Curta e toque Chegamos pela base aérea Muitos Hercules E o Sucatão Pátio central Paramos junto do MD 11 Com cara de França Chegamos Apenas a primeira escala Aqui troca de vôo Rio de Janeiro – Salvador Vôo Varig 2160 O aeroporto tem pinta Que vai te levar Deste para o outro mundo Poltronas largas Gracioso formato Lojas de jóias Lojas de grife praça de alimentação Um shopporto No silencio Sinto a musicalidade Desta cidade Escuto musica Ao ver O Jumbo da Air France Sinto aquelas flechas Saindo e chegando Nos mapas das aerolinhas O Rio de Janeiro Mais que ao Brasil Pertence ao mundo Estou sentado na poltrona 8 A Avião lotado de italianos E curitibanos Ao lado se encontraram colegas Rumo á mesma convenção Em Barra do Saí Como conversam Hora propicia Para meus tapa ouvidos Ir para Salvador Na verdade É voltar Foi o lugar mais longe Onde fui Pilotando o PT – NGZ A cidade que conheci em 1963 Viajando de navio A Princesa Isabel Que ao chegar a Bahia Continuava a libertou Os escravos outra vez Estávamos no camarote 123 E fiquei impressionado Com as igrejas Minha fez promessa Para a santa protetora da vista Para a miopia de Tarsila Lembro que chorei Ao rezar para o pedido De minha mãe O vento mudou E vamos decolar Pela cabeceira 31 Aguardamos outro Tam E um bandeirante Para decolagem Lá vamos nós Correndo pela pista Com uma labareda de fogo Decolagem curta Voando baixo Atendendo a restrição Barcos pequenos atados Um ao outro Na baia de Guanabara Parece a vista De Malabar Hill No mar de Bombaim Sobe a baia Curva a esquerda Lindas montanhas Petrópolis e Teresópolis A linda vista Do Dedo de Deus Seguimos a BR 116 Cruzando todos os rios Que descem para o mar Agora subimos Estamos mais para o céu No que para a terra Vamos no caminho inverso Do da família Real Portuguesa Eles vieram para o Rio Salvador foi a capital De Portugal e Algarves Há 200 anos Graças a Napoleão Agora é do Ritmo Graças ao Olodum Os fortes ventos Levantam poeira Dando um toque cor de rosa A serra toca o mar O verde tem sede Do azul Um rio bem caudaloso Desemboca no mar Parece parado Estamos no Espírito Santo Começo a fazer Um relaxamento no Espírito Dormi Acordei com a aeromoça Retirando o lanche do vizinho Me alimento com o azul Num dia perfeito Abaixo apenas das estrelas O vôo costeiro Começa a decida Logo em Salvador Tenho mais saudade De meu pai O Salvador com quem vivi Quando viemos aqui Ele exagerou numa tal Cajuína Uma batida de caju Conheci seu outro lado Ele também Quase virou do avesso Depois estive aqui outras vezes Mas nenhuma me marcou tanto Como aquela primeira Até dias Salvador É o lugar onde o Brasil É mais brasileiro No povo Na arte No governo Todo baiano velho é igual Caime, Amado ou ACM Na fala e no cabelo Pois se fundem num só Na alma baiana Alma única O recôncavo baiano São muitas reentrâncias No mar dourado Grandes rios em curva Fazem um quebra cabeça gigante Apenas para estatais e multis O pólo industrial Quebra o bucolismo Antecipa a cidade Recifes protegem o sul da cidade Curiosa paisagem Navios cargueiros e petroleiros Uma grande baia Que emprestou o nome A este estado de coisas Farol da Barra Alinhamento na reta final No antigo 2 de julho Bairros pobres Paisagem amarela Toque Chegamos Estou tremendo Na reversão Salve Bahia de todos os Santos Salve Continuação do vôo 2160 De Salvador Para Natal Só uma pisadinha No solo baiano E de volta ao avião Vamos bem mais vazios Tenho condição De me ajeitar melhor Push back Começamos nova etapa Natal Saio da cidade relativa a meu Pai E vou para outra Relativa a minha filha Assim de certa forma É o vôo rápido De minha vida Vôo de geração em geração Quero voar para lá Com ela e toda família Chamei por telefone minha mãe “ Já chegou em Manaus “ Ainda falta um pouco... Lembrei do filho de Hillary O neozelandês que chegou primeiro Ao topo do Everest Que pelo telefone por satélite Cumprimentou o pai Do topo do mundo Aqui falei com ela Deste avião que conhece As altitudes everestianas Sou filho de Salvador Mas não sou natural Da Bahia Me torno baiano Quando sinto no vento E o cochichar dos coqueiros Preparação para decolagem E ai vamos nós Decolagem suave Curva a esquerda proa norte Vamos para perto Da linha do equador Vamos para o tórrido Me sinto bem Vejo a conquista da vida Em querer em tudo ser verdadeiro Não querer nada de mal Em ser amigo, franco Espontâneo e direto Vivo a conquista De ter uma família unida E tão bela Ter uma meta de vida Um objetivo claro Que brotou no meu peito Tenho a felicidade De ter descoberto A universalidade das palavras Procuro escrever As palavras não ditas De um novo idioma Idioma nascido na percepção Direta das coisas O idioma do belo Quero entrar no espaço entre as linhas Entre as letras Universos de possibilidade Quero a musica Composta por 70 notas E não 7 Quero abrir passagem Para um novo Que ninguém nem imagina O que vejo Não está separado de mim Nem de quem lê Existe uma ponte invisível Que vai ligando Permeando tudo E apenas sugere Que não há tanta separação Individuação como pensamos Este lindo mar Em sua dimensão mais no fundo Não está separado de quem o vê Mesmo se através Da leitura de palavras Numa folha de papel E este é o verdadeiro vôo O que fazemos Sem precisar ir as alturas Quando descobrimos o novo Com todo poder restaurador E nos jogamos nele A possibilidade de uma vida Sem contendas Sem stress Sem subir em ninguém Sem maltratar ou poluir Sem feridas Uma vida em que a natureza Não seja algo separado Os rios o mar Que o céu não seja lá distante E as nuvens Sejam decifradas Uma vida de paz Para que dela emane A solução para todo o mais O vento sobra forte no mar Levanta inúmeros carneirinhos Vistos daqui de cima É bom o jangadeiro botar O sinto de segurança Também O desenho das praias O recorte são mensagens Para ser lido Por inconscientes não comprometidos Pelo emborrachamento das sensações Pela materialização Cada praia vista daqui É uma letra Que forma uma palavra Que apenas pode ser lida No fundo do coração Humano Me sinto na escotilha De um navio cargueiro Viagem solitária Tudo que vejo É céu e água Mas não é monótono Respiro um ar Que meus pulmões Ainda não conhecem E se abrem Como as pupilas Para a escuridão O sol convida A um mergulho na luz Um mergulho em mim mesmo Na vida que cada um tem Que não conhece Fronteiras Cada gota do mar Contem o globo da terra É seu protótipo E quando a luz a toca E acorda nela a vida possível Desperta a verdade Indo para Natal Anseio por nascer Outra vez Na barriga deste pássaro de metal A gestação da consciência Da natureza dos céus Isto é voar Se as turbinas parassem Continuaríamos voando Me liberto Ao desmontar O tempo Que existe como barreira O tempo de antes e depois Mas o tempo duração O tempo looongo presente O tempo mais próximo Do eterno Em uma gota de segundo Esta todo o oceano Do tempo Me descubro No romper De uma nova vida Que reconhece os vazios Compreende os calafrios Do monólito da historia Que conhece a verdade Pelas intenções E outros pequenos sinais Um tempo para alem Da causa e efeito Da recompensa Que não diferencia Dar e receber Para todos É importante para mim Passar pela fresta Do espaço e do tempo Me sinto o foco da vida E a deixo manifestar Aprendo com ela Sobrevoamos um imenso rio O velho Chico Na sua jornada final para o mar É um jornal fluido Que conta como é a vida De milhões de pessoas Vidas que trocou a secura Pelo dar de si A esperança das águas Nele se lê A saga Dos povos do norte Ao afastar dele Tudo volta a sertão Milhões de tons alaranjados Voltam às vidas escondidas Na falta de viço Na persistência da caatinga O sol que trinca a terra E de suas fendas Nasce a nação dos nordestinos Há uma teoria migratória Que liga primitivos nordestinos Aos aborígines australianos Os habitantes de Piracuruca há 15 mil anos Onde estive com Tarsila Seriam deste povo Que diferentemente dos índios brasileiros Que vieram pelo Alaska De populações da China Os índios perseguiram os nórdicos Que fugiram para o extremo sul Sobraram uns ainda na Patagônia O formato do crânio Não é mongoleano Como o dos índios Não são caucaseanos Como o dos europeus É próprio E como resistem à escassez Se transplantados às férteis terras Bem nutridos podem ser grandiosos Penso nas Marias do Carmo E Luizes Inácio que formam A alma brasileira Alma que se sabe migrante Se sabe bom Mas não cutuque... Que vôo tranqüilo Sobre a amarelada terra Arvores pequenas O céu vai se qualhando de nuvens No eixo norte sul A aproximadamente 6 mil pés Dando daqui de cima a sensação De um vôo orbital Estratosférico Um azul indefectível Torna o céu Em luz solar Rios secos São como fosseis De passadas vidas Pequenas cidades E então surge Uma grande represa, Oróz ? Caímos lentamente Cai no sono Chegando a Natal Voamos já baixo A leste a Barreira do Inferno O maior cajueiro do mundo Posamos na Base Aérea Contruida pelos americanos Na segunda grande guerra Lembro da foto Roosevelt e Vargas Num Jeep por aqui Muitos aviões militares Para treinamento Já obsoletos Agora é hora De esticar As pernas Aeroporto de Natal Tarde Quente Aguardo Varig 2379 Falo com minha mãe “Que você ta fazendo ai ?” “ To indo para Manaus , mãe “ Estive algumas vezes aqui A ultima com meu pai Para um encontro de empresários Ele veio como representante da Fiesp Viemos de jatinho Foram muitas reuniões A parte que mais gostei Nem precisa dizer A ida e a volta Foi excelente acompanha-lo Na terra ,mas ainda Nos céus Moro nos últimos 5 anos Na Rua Rio Grande do Norte, 300 Na cidade de Avaré , S.Paulo O que faz de mim Um Potiguar Ao menos de coração Vôo Varig 2379 De Natal para Fortaleza 767-300 Vôo neste enorme avião Para um vôo Relativamente curto Senão pela pouca distancia Pela impossibilidade de boas estradas Ou apenas estradas na rota È um wide body Igual ao que fomos varia vezes Todos nos para a Florida A noite é muito mais charmoso Fica tomado pela áurea Dos grandes vôos internacionais De dia É um avião Um lindo avião Este está um pouco cansado Minha poltrona não para na vertical Como gosto para escrever Está carregado de turistas Vindos do sudeste Para o Ceará O sol escaldante Castiga a paisagem Não perdoa Ficam sedentas Até mesmo As meninas dos olhos Faço um vôo internacional Aqui mesmo No Brasil Push back Pelo data show vejo Fortaleza a 433 Km Ao lado aguardam Dois jatos da aeronáutica Farão a escolta ? Começa a decolagem Longa bem longa Finalmente decola Recolhe o flap ruidosamente Curva a esquerda Voamos pelas praias Quantas dunas Hotéis a beira da praia Continua a curva sobre o mar Atingimos 500 Km/h 2.000 metros de altitude 17 graus lá fora Vamos para o interior E depois Curvaremos para o mar Que linda tarde As nuvens acompanham Mais este vôo São companheiras nas alturas E atenuam A exposição direta do sol Na medida em que subimos O corpo se sente leve Mas fácil de respirar O oxigênio parece sustentar As células Do cérebro Meu corpo se adapta As condições do vôo Sinto as mudanças É bom adaptar-se facilmente As novas situações Ou condições ? É fundamental na evolução Durante períodos longos Mas para curtos também ? Voamos agora sobre o mar O litoral escrito em dunas Em longas praias Desabitadas Habitadas apenas por aves Aguardam um Holiday Inn Salinas de Mossoró Agora as montanhas São de sal Daqui parte o sal Que é usado Em todo pais Homens e animais Monogástricos e poligástricos Todos Com o sódio Regulamos a água no corpo E damos sabor às coisas Salinas e mais salinas 5 minutos de jato Para usar uma medida Mais praias desertas Areias amarelas Levemente avermelhadas O desembocar de um vasto rio Largo e lento Alcança o mar As praias são coloridas Douradas Até mesmo violetas Parecem aquelas garrafinhas de areias Uma de cada cor Desenhando o norte O vento é forte Ondas quebram Em pleno mar Surge uma cidade pequenina Recuada um pouco da praia Abrigada atrás da duna Grandes latifúndios Traçados com perfeição Em retilíneas figuras Porem vazios De cor e vida Apenas esmaecem O verde do mar Não se modifica Em nada O litoral se espicha E se torna Uma única praia De face norte Olhando para a linha Do Equador Mais dunas e rio Uma pequena cidade Ao longo de uma restinga E então praias povoadas Coqueiros e jangadas Chegamos perto de Fortaleza É como chegar a um oásis Depois de atravessar o deserto De dunas de areias Deveriam cobrar o dobro Dos passageiros com janela A bombordo Um presente do litoral cearense São estas pequenas praias Bem recortadinhas Tenho vários amigos Com o apelido Ceará Marca inconfundível As águas ficam mais verdes Por serem rasas Ficam mais semitonadas Parece que estamos chegando ao Caribe Esmeraldas E iluminadas por dentro As espumas são mais espessas Quando se aproximam da costa São boas para surfistas É uma grande cidade Varias ruas Escorrem para a praia Outro rio e mais outro Ceará das águas Curva a esquerda Pode-se ver toda Cidade O porto alguns navios pequenos Muitos prédios Iate club cheio de barcos O aeroporto Bem paralelo ao mar Aproximação pelo oeste Alinhamento na final Como é bonito o mar Chegamos O avião continua pesado Eu porem mais leve Que lindo presente É a natureza Para todos Aeroporto Bento Martins Como outros É base aérea também Este belo avião Igual ao que jogaram nas torres Tem um final de vôo diferente Chega a este lugar lindo Que encantou os portugueses Desde o século XVI Passamos por um DC-3 Que cenário É Fortaleza Aeroporto de Fortaleza Um intervalo de 80 minutos Inspirou a um plano E com um carro alugado Coloquei os pés Nas águas do mar Quinze minutos para ir Outros para voltar Tinha um tempo Para água de coco Comprar camisetas E sentar na frente do mar Grandes moinhos de vento Geram energia no cais 3 navios compõe a paisagem Lembro deste porto Na viagem de navio que fizemos Toda a família E aqui entraram em greve Os taifeiros Pessoal que trabalha embarcado E foi divertido Lembro de meu pai falando Que teríamos que cozinhar A oeste o sol doura a paisagem A leste pescadores Consertam redes de pesca Algumas jangadas paradas Outras balançam Nas ondas do mar Não me contentarei Se não tocar O pé no mar E não deu outra Quando cheguei pertinho Veio a onda e splash Comecei o ano novo Apenas em fevereiro Consagrado a Fortaleza De espírito De verdade De vida Uma tremenda musicalidade Me fazem lembrar Quando vim com Tarsila E ficamos hospedes de Olandir Onde aprendemos O ritmo cearense Canoa quebrada Futuro e Aldeota O coração do Ceara Retornei o carro alugado E agora espero o vôo 3892 Que deve estar chegando Falei com minha mãe “Mas ainda não chegou em Manaus “ “mais um pouco ... “ A bordo do Fokker Vôo de Fortaleza Para São Luiz do Maranhão É noite Este avião bem menor Parece jato executivo Uma certa confusão Alguém sentado Na poltrona 2 E Não há outras janelas A marcação foi liberada ou algo assim Como faço ? Por sorte encontrei este moço Que me cedeu seu lugar Onde sento agora Voando a noite Com um pouco de sorte Ouvirei o canto de Peri Responderei ao assobio de Iara Contarei as estrelas Alimentarei a alma Push back Passam luzinha azuis Agora vamos Posição 3 e decolar O sonho do comandante Rolim Saindo do chão É silencioso o danadinho E como sobe forte Anseio pela altura A lua aponta no leste Redonda e linda Será a companheira O vôo é curto Curto o vôo Mesmo assim Comer um sanduichinho Como cai bem Me entrego ao conforto Imagino cruzando o escuro Como se fosse Um feixe de luz O tempo quase pararia E meu corpo toda matéria Viraria luz Fecho os olhos E ao abri-los Estamos descendo Próximos ao aeroporto De São Luiz Luzinhas estão perto Curta final e toque Puxa que rápido Que avião silencioso Aeroporto de São Luiz Noite quente e abafada Cadê o vento Aguardo o vôo 3892 Continuação Mais 20 minutos Aqui moraram Laura e Marcel Meu amigo de infância Aqui fizeram à vida Ele dirigia uma empresa da Shell Que trabalha com alumínio Quantas historias me contou Só de respirar este ar Sinto o abafamento Que o fez partir Muita política “Brasileiras e Brasileiros “ Não foi fácil Lembro-me quando estive Com Tarsila por aqui E conhecemos Clorís Era uma artista carioca Que viajava com teatro de marionetes Fomos ao show E ela inventou de dar nossos nomes Aos personagens No show daquela noite Depois fomos jantar E senti pela primeira vez Uma dor de fazer desmaiar Era no estomago No começo gelado Depois ia esquentando E não tinha depois Tinha que sentar no chão E respirar Nunca soube o que foi Só tive aqui Em no Maranhão A bordo do Fokker De São Luis Para Belém do Pará Viajo para visitar um amigo Que há quase 20 anos Não vou lá Esta viagem é um processo De aproximação Pelo caminho mais longo Venho conversar Costurar velhos rasgos Com linha nova Venho escutar E de certa forma Conhece-lo de novo Não ficaremos na memória Falaremos dos planos De construir barcos Falaremos dos filhos Do que aprendemos Do que falta ainda E passearemos no rio Que insiste em ter Complexo de mar Um amigão Do mesmo tempo Do que viveu em São Luiz Fazíamos um grupinho Que jogava futebol de mesa Todo domingo por 10 anos Estamos prontos para decolar E pronto, já percebi Este piloto é rapidinho As nuvens que vejo ao longe Estão no hemisfério norte As constelações estão inclinadas O cruzeiro do sul quase deitado Voamos para o estado do Pará Uma flecha na Amazônia O assassinato da freira Há poucos dias Colocou o Pará nas manchetes Tantos outros assassinatos De gente menos celebre Passaram incólumes Aqui é o Norte Vejo passarem umas ilhas Ou rios na escuridão Me esforço mas vejo Apenas à noite Passar pela janela Fecho os olhos Deixo as pálpebras caírem Mergulho em mim mesmo Lembro do teatro que fui ontem Ainda em Avaré Por total acaso Uma peca pantomima De um casal Vindos de São Paulo Fomos jantar no fim da peça E aproveitamos Para papear Descobri tantas coisas Um potencial de relacionamento Que vem do novo Falamos diretamente As coisas mais profundas Com naturalidade Venci o julgamento inicial Feito pelas aparências Auto defesa e critica Ao final Aceitei o presente De ser criticado Me senti nu Vestido apenas de matéria A mercê do gesto Acho que vi passar O mercado de ver o peso Estamos chegando a Belém O pouso a noite aqui É um espetáculo Uma ilha toda iluminada Depois outra Cheia de casas Por fim outra ilha Esta no continente Onde estamos prestes A pousar Curta final Toque Reversão da turbina É com muita alegria Como disse o jogador de futebol Estar onde Jesus nasceu Belém Aeroporto de Belém Aguardando o vôo Tam 3892 Noite quente na Amazônia A chuva da tarde Aplacaram os ventos da noite O ar úmido e quente Cria uma sensação De verão na praia Estive em Belém há muitos anos E com meus pais Fizemos um passeio de carro Foi quando uma manga Daquelas de pra lá de kilo Se soltou caindo no capo Foi impressionante E a manga estava Incrivelmente doce A bordo do vôo Tam 3892 De Belém Para Manaus Só mais este vôo Me separa de chegar Ao encontro com o amigo Duas horas voando a floresta Como um pássaro noturno Em vôo continuo Push back Bem antigo é o aeroporto E também Base Aérea Daqui decolavam os Catalina Hidroaviões da aeronáutica Que voavam todo amazonas Pronto para decolagem Encher a mão E correr a pista No ar Curva a esquerda A lua cheia quase a pino Uma noite de muitas nuvens Porem é possível ver ao norte Um imenso de um rio Um mar de águas escuras Se distingue unicamente Por um brilho que emana É imenso O rio Amazonas Na fase final A ilha de Marajó Faz as sombras Do lado leste A pororoca ao norte Não posso ver Apenas sentir Traz para o mar Os segredos acumulados Desde os Andes Vem trazendo Um continente De água Será este o estreito de breve Com vinte e poucos kilometros de largura Senão aqui certamente terá mais É de arrepiar Quando por instantes Reflete a luz da cheia lua De vontade de pular de para quedas E mergulhar Em suas corredeiras Este mergulho Fica por hora Prometido Jantei um ultimo sanduíche São meia noite e meia Porem aqui é uma hora a menos Volta a ser ontem Estamos nos aproximando Da cidade de Manaus Uma ilha boiando No meio do escuro Uma estação interplanetária Um porto Um aeroporto Uma chegada Que linda cidade Vista daqui Como vai longe Vamos alinhar a reta final Estamos quase Tocou Reversão Minha ultima reversão Do dia Agora reverto em saudade Em abraços Em bate papos A bordo do Izilda Boiando Num igarapé do Rio Negro A tarde caiu Enquanto chegávamos A outra margem Uma viagem Deixando a cidade Se dirigindo a floresta E subindo um afluente Que se bifurca em outros dois E mais dois Até chegar aqui Um lugar perdido Um grande achado Amazing Amazon Planeta de água Superfície liquida Da Terra Superlativo de água Superlativo de rio É Amazônico Muita, muita água Correntezas o tornam Inteiramente vivo Gesta a vida De aves e peixes Plantas e outros seres Ao mesmo tempo Que devora suas encostas Querendo engolir tudo É rio Mas se pensa Mar Tem marés Vazante e cheia Tem sereias Nas areias Se escrevem Cidades É em si A maior frase hídrica Do mundo É largo É fundo É rápido É limpo É negro É verde Tão verde Quanto a floresta Que toca Tão volumoso Não se economiza Em movimentos Desce as cordilheiras Escorre em geleiras Guarda a memória da neve E vindo de leve Vem conhecer Planícies brasileiras Caminha para o leste Busca o clarão Da manha Se revestindo do escuro da noite Se faz Solimões Se Faz Negro Rompe o silencio da natureza Se alastra Não se contem Ate chegar aqui De onde Manaus vê O encontro das águas Umas quentes e lentas Outras frias e rápidas Se fundem num só rio O Negro rio É um chá de floresta Uma tintura medicinal Remédio Para quem se pensa pequeno Três gotas duas vezes ao dia Negro rio Rio vivo Rio jovem Amá-lo É ajudar Em sua identidade E subitamente percebo Que também A minha O encontro de nossas águas Alimenta o rio De minha vida Ancoras Jogamos ancoras Para passar a noite Num braço escuro Na noite escura Do Negro rio O endereço 3graus De latitude sul Quase alinhado com o Equador Ancora de popa também Só para o caso De um vento Então o mergulho Nas aminióticas águas Receber toda energia Era à tardinha Me dissolvia Efervescente Junto estavam A família do amigo De quarenta anos Quantas conversas Para por em dia Falhas e filhos em folha E na releitura Encontrar a graça Desta vida Mais um mergulho E o inconsciente É que vem a tona O corpo bóia Com muita facilidade Suspenso Nadei até um flutuante Uma casa abandonada E voltei Ao subir a bordo O cheiro inconfundível Do bom tostex E depois da janta O que nutria Era a conversa Escutar é garantir ao outro A oportunidade De se manter novo Se saber depositário Das verdades Do outro Antes de dormir Mais um mergulho Já sob a lua Como forma de agradecimento Pela gentileza Da vida Como foi no Mississipi Em águas Bem mais frias Deposito-me mais uma vez Com toda confiança No rio da vida Respirei com invisíveis guelras Respirei fundo A vida Ouvi a voz dos meus No rechuar Das águas Deitado ali Boiando Era a humanidade Pulsava em mim O coração Apenas humano Os ruídos da floresta Compunham A sinfonia de estrelas E o silencio negro dos céus Com o negro das águas Faziam um dialogo de luz Ali era A testemunha Da transmutação do universo Como tão fecundo Pode ser o encontro Do Céu com a Terra Já enrolado na toalha Evitando ruídos Me senti inundado Era uma noite imensa Não cabia ela No tempo Flutuava a memória mineral Do silencioso rio Em brilho sideral E nas margens do igarapé Sentir o abraço quente Da mata A lua se mostrava toda Em seu Quarto inteiro Por reflexos É que se conhece algo Pelo seu lado inteiro E houve uma festa Quando as pálpebras caíram Ao som do silencio Ali flutuando estão O barco, a terra E o firmamento Sem divisões Apenas sob formas Diferentes Pelos sonhos Passei pela porta Para o lado de lá O universo sem palavras Palavras sem versos Versos sem rima O entendimento que há Para alem Do eu A química anterior As manifestações Da biologia Nos devolve a espaços Anteriormente ocupados Apenas por rumores O convite da compreensão Unívoca e ampla Proporcional a sede E então nascer uma vez mais Não para algo Mas de algo Encontrar os verdadeiros pais No que nunca pode ser separado Sem antes nem depois Um encontro amazônico Aquele que o céu faz na terra No coração humano Noite de 28 de Fevereiro A bordo do Vôo 1783 De Manaus para Rio Branco 28 de fevereiro , 23:50 Se esse ano fosse bissexto Estaria entrando no 29 Sem escalas Estou indo Direto para o mês de março Na minha mala Levo Nikes e Barbies E uma aliança Meu coração saudoso Aguarda por encontrar Os meus A estadia em Manaus Valeu Cada minuto O encontro com o amigo E com as águas Do rio Push back Começa mais um vôo Sobre a floresta Noite quente E no entanto Relampejante Um vôo às escuras Entre as camadas térmicas Da região norte Decolamos 737 -700 potente Viaja cheio Não sei quantas horas Permaneci em Manaus Sei que quase todas acordado Na janela Todos os gatos são pardos Todos os rios são negros Vou dar uma descansadinha Estamos chegando em Rio Branco Capital do Acre Em Rio Branco A noite é mais quente E não há vento O modesto aeroporto Não esconde o quanto Ainda há por crescer Estou no ponto Mais setentrional que estive No Brasil Aqui são duas horas a menos Que o fuso de Brasília O principal O Acre não foi conquistado Não houveram bandeirantes Nem Duques de Caxias É o único estado do Brasil Que optou fazer parte dele Destacou-se da Bolívia E virou território No tempo que geografia Era uma matéria chata Hoje é a saída principal Para o Pacifico Um corredor para o Oriente Em cinco horas de estrada Chega-se ao Peru Depois é só cruzar os Andes Com 280 mil pessoas Onde todo acre São 400 mil Rio Branco é muito provinciana São as mesmas famílias Que habitam há muito tempo Se fala arrastado o idioma Dos brasileiros E dos povos das florestas Pena ficar aqui tão pouco Só um cheiro Fica a vontade de voltar A bordo do 1783 Saindo de Rio Branco Destino Porto Velho Saída sem push back Fez curvinha E saiu para frente Coisa rara Nos dirigimos para a cabeceira Todo é escuro Me mantenho No limite de acordado Escrevo como se fossem sonhos Há uma grande paz Nada a fazer Sobre o que não posso mudar Começa a decolagem Desenfreada pela pista Até subirmos É um vôo panorâmico Sobre Rio Branco Um mar de luzinhas Depois fica tudo escuro Estamos chegando A Porto Velho Nem comi nada Acho que esta rota Dá muito sono Chegamos a Capital Do estado de Rondônia Paramos O aeroporto é modesto Ficamos longe E não tem ônibus Entra uma mulher Do controle sanitário Fazer inspeção Me lembro certa vez Voltando da África com minha irmã Vôo da Tunísia para Itália Um velho Caravelle Sem ar condicionado no solo Quando entrou a policia sanitária Tiraram umas bombas de flit Com um veneno brabo E esborrifaram em cima da gente Esta de Porto velho pelo menos Só perguntou sobre dengue Malaria e custo de vida As coisas que mais matam Por essa região Também amazônica Porto Velho é Cosmopolita Tem Sivam para cuidar Do setor oeste amazônico À noite os bares ficam abertos Até bem tarde Tem faculdades e muitos jovens Para cá são atraídos Os que granjeiam Alguma coisa a mais Vôo 1783 De Porto Velho Para Brasília Nossa agora que vi Como é pequeno Este aeroporto Por isso a reversão foi tão tuchada Pois decolou rapidinho E em seguida acabou a pista Poderia se chamar AeroPorto Velho E escuro também Este vôo estimado de duas horas 30 minutos de Amazônia 90 minutos de serrado Vou colocar o tapa ouvidos E os tapa olhos Não enxergo nada mesmo Boa noite Aeroporto de Brasília Preciso fazer a barba E começar o dia Com cara nova Como esta bonito O novo Terminal Que bela reforma Caminho para acordar Enquanto faço tempo Do próximo vôo É uma manha úmida Todos os vidros Estão molhados As nuvens baixas e cinzas Dão um toque soturno Ao planalto central Acordei em Brasília Antes mesmo Do presidente Ele ainda deve estar dormindo Enquanto vou procurar Uma cafeteria Brasília é capital nacional De varias nações De vários brasis Políticos abundantes Em todas as esferas Do poder publico Me contaram que aqui no aeroporto Um político vem correndo Tomar um avião lotado A atendente diz que terá que esperar Foi quando ele disparou “Você sabe quem sou eu, sabe ?“ Ela calmamente pega o microfone e diz “ Tenho aqui na minha frente um senhor que não sabe quem é, alguém pode ajudar ?” Brilhante. Ponho-me a pensar Se sei realmente Quem sou Desconforto Ao caminhar agora pouco Senti a gota gelada Do meu infinito desconforto Tenho guardado na alma Tantas passagens Que engoli sem mastigar Sinto o peso que carrego Por não ter digerido Cada coisa a seu tempo O que carrega este tempo De coisas de um outro eu O eu não pude ser Lembrei-me do aluguel de motos Que tinha em frente A casa do amigo de Manaus Ele me contou ser a fachada De uma entrega de droga Que estava lá e não víamos Lembro daquelas moças Que freqüentavam o barzinho ao lado Eram as deliverys Ao relembrar tive um calafrio brabo Como se alguma informação Quisesse pular do passado Eu nunca dei muita importância ao fato Mas de repente o sentia Ser palpitante Deixo que venham do passado as imagens Como eram na época Lembro de uma mesa de snooker Lembro que escutei Que as tais moças Faziam sexo sobre ela Este era o fio cortante Mulheres fáceis Talvez eu tenha sentido atração Mas ficou guardado Num mundo paralelo Onde talvez Eu tenha vivido Alienadamente Que tempero trazia sexo Lascidão e depravação Mulheres que davam mole Tranquei algo Que me colocaria para sempre Na infância afetiva A dimensão do sexo Foi um chip implantado Não amadurecido Caminhei por um caminho Mais preocupado Em desviar dos limites Criei um atalho Que se caísse nele Me daria ao mesmo daqueles E impressionado me vejo Ainda suando frio Como naqueles dias da infância Venho de lá para cá Apenas colecionando Mais horrores Mulheres que traem Mulheres vulgares Engolidoras de esperma Em mim aflora o menino Que precisa imensamente Ser compreendido Socorro socorro Onde é que eu vim parar Quem vai me explicar Que amores e transas Estão atrelados A um senso de perdas Que adultos são apenas Carapaças colocadas Sobre pessoas pequenas Que se crescer Invariavelmente Serei leviano também Escondi as marcas De minhas duvidas No meio das minhas coxas Carreguei toda porcaria do mundo Como um terceiro testículo Por toda minha vida Vejo que chamei de meu jeito Pessoal de ver as coisas O estar de olhos fechados Quero na relação de casal Um relacionamento meio pasteurizado No andar superior de minhas feridas Não sei agir de frente Sou emocionalmente imaturo Busco qualquer remendo para a alma Me coloco num mundo inferior De sentimentos comportados Reprimidos e controlados Aparente um Gene Kelly Um Fred Astaire Comportado Mas por dentro Há em mim um lobo Louco para sair das grades Quando aflora Modifica a forma de ver Todas as coisas Não poupa ninguém Não poupa toda imaginação Não economiza perdições sexuais Ninguém escapa Apenas aqueles 100 % castos Aqui percebo A infestação de contagiosa Das bactérias religiosas Me encolhi no sexo Encolhi meu sexo Me fiz meio corcunda E acordo num antro Onde tudo é malicia Tudo vulgaridade Alguém me ferrou E eu não paro De ferrar todo mundo O que posso fazer Com essa repulsa De toda essa vulgaridade Não passo para a próxima fase E vou me perpetuando Em um crianção em mim Tenho um puta medo De gente grande A decepção é certeira Na minha imaturidade Me fiz especialista Em lidar com coisas mortas Como nascer algo novo Se me sinto morto No mais central de meu ser Um infante que insiste em reinar Em ocupar o centro Do palco da vida Não consigo colocar ninguém comigo A não ser Em meus arredores Não sei como viver no Brasil Com tanta ginga e malicia Melhor seria se fosse europeu Lá estaria desapercebido Entro tantos outro Mortos Como me relacionar Com pessoas quentes Sem ser um esfriador Não seria difícil Ser celibatário Já era meio eunuco Como seria fácil pintar o mundo Em cores religiosas Para disfarçar meu mundo infantil Ao ver homem e mulher De qualquer naipe Malicio Gelo o sangue nas veias Ao imaginar minha mulher contente e feliz Apenas conversando com outro homem Tranquei-lhe a porta da saída Quando quis um emprego no Sebrae Onde teria que viajar com outros caras E me morreria de ciúmes Me imaginaria sendo traído Como foram aquelas mulheres Um desconforto exclusivo meu Que sempre quero Depositar na conta do outro Tenho filhos crescendo Que estarão restritos A minha pouca estatura Quem eu sou realmente Um crianção sem acesso A razão adulta das coisas Não sei ver sexo Sem que seja Uma forma de espoliação Não vejo sexo Sem que seja Sacanagem Não tenho idéia Do que possa ser Um relacionamento maduro E sofro todo o tempo Em ser um dolorido atleta Sempre querendo não aceitar Aceito os anos perdidos A volubilidade dos meus atos Em ser um crianção Que abafa com toda força Um monstro sexual que me devora Aceito olhar nos olhos De meu monstro Sem me entregar ou mata-lo Aceito que tenho vivido ultimamente Me coloca muitas vezes Em situações limites Aceito que não tenho software Para lidar com qualquer coisa Rotineira no dia a dia Reconheço que coloco sempre Os outros na condição De fornecedores para mim Como um menino mimado Espero que todos Tragam conforto para mim Me coloco o tempo todo No centro do mundo Onde todos me gravitam Vivo uma vida insípida Inodora e sem graça Sou um títere de meus medos Não seu ver uma mulher De 8 a 80 Não sei me relacionar Cada mulher é uma passagem Para um universo Dos prazeres Então foi fácil ser empresário Mais ainda empreendedor Tudo que não precisasse amadurecer Pois no caldão da aridez Pode se esconder Um homem pela metade Sou infantil Quando lido com dinheiro Sou carente de brinquedos Não recebi um sinal de suficiente Não desenvolvi Sou um saco sem fundo de brinquedos Na química do relacionamento Meus atributos São muito poucos Preciso ser amado Como condição primeira Para o relacionamento Sempre atraio para mim Também pessoas Vitimas de infantilidade Eu sou Preso nisso Desde que nasci Não conheço uma forma de viver Que não seja construída Sobre o prazer Fui posicionado Como um Minute man Dos prazeres da vida Não conheço a duração Do relacionamento Sem quebras Precisaria nascer de novo E despertar em mim As sementes de adulto Estou chegando a BH São quase 10 da manha Estou pegando fogo Quanto ainda há Que me aproximar De minhas nascentes Para que outros Possam conhecer Os meus rios Assim como O Mississipi E o Negro Hoje sou eu quem Passo sede e fome Coxo vísceras Hoje preciso de calma Muita calma Nessa hora Hoje mais consciente Das misérias acumuladas E presente São os meus horrores Que tem gosto e cheiro Do aluguel de motos Volto desta viagem Com uma ferramenta nova A de desarmar bombas Pampulha Daqui a pouco Estarei em casa Não sei onde e quando Me sentirei Em casa Sendo que sofro Por tanto tempo Tantos percalços Neste instante Enquanto abandonávamos o avião Pela radio tocou : ” Procuro um amor Que seja bom Para mim Eu vou tratá-la bem Para que não tenha medo Ao conhecer os meus segredos Um amor Uma razão para viver As feridas de vida esquecer Pode ser que eu gagueje E as palavras não saiam Mas não saio de lá sem ele “ Colégio quadradão Venho ao colégio de Thales Venho negociar um armistício Entre ele e seu orientador Um precisa sonhar menos Outro mais Senti o corpo esquisito Na quarta feira Acordei mal na quinta Tinha febre E o corpo Não vibrava com nada Manha chuvosa De quinta feira 3 de março de 05 Vim conhecer a escola De musica Das crianças Ouvi tudo Prestei atenção Não entrou em mim Sinto desde a primeira hora Um centro que fervilha No cérebro Sinto dor, muita dor E uma letargia Em tudo que faço Recebo tudo Como um presente Para a pessoa ao lado Sinto na região da hipófise Uma pressão Uma dor Tenho trabalhado muito Este centro E abordado francamente Se existe alguma caixa preta Ela deve estar Muito mexida Pois depois de tantos anos Enfiei a mão lá dentro E senti tanta sujeira Tenho o meio do cérebro pesado Criando uma dimensão Dolorida Não lembro de ter dormido Tão profundamente Nem tão pesado ao acordar Com sonhos toa vivos E realísticos Deixa ver Durante a noite Uma onda Esfriou o corpo E pedi o abraço da companheira Que me aquecesse As costas Era uma abertura Era um facho de luz Que saia do centro Tinha a possibilidade De fazer download Nas estrelas O corpo vivera há poucos instantes A sensação de movimento Mesmo quando parado Tinha encontrado na companheira A conexão de corpo Com o cosmos E de lá fui tragado A partir Do centro Mesmo agora Horas depois de acordado Sinto a respiração ofegante Quero desmanchar Todos os nódulos Adquiridos com o tempo Lembro de ter ontem Sentido varias vezes O foco de estar feliz Assim como uma tristeza Pode gerar uma onda Entristecedora Estar feliz também Poe tudo na vibração Do estar bem Me entrego a vida A esta onda infinita De bem de crescimento Aceito as restrições acumuladas Por tantas marcas Ao longo do tempo Tomo o menino de 10 anos Que ficou preso no tempo Para cuidar E descondicionar A formatação Das sensações E assim devolve-lo ao tempo Para que possa agora Superar aquele padrão Foram tantas fincadas na alma Tantas geladas Tanto encolhimento Tanto sofrimento Até aqui Acumulado Quero soltar E deixar sair O equilíbrio da vida Que possa redirecionar Tantas restrições Para o universo Ao mesmo tempo Que desperta em mim Um homem novo Menos sei sobre mim Menos impetuoso Menos automático Sou apenas Um elo de união Entre céu e terra Preciso de uma arvore Como diria Budha Chegando em casa Cai na cama ao meiodia Levantei as 8 da manha Do segundo dia Na primeira tarde tremia Sonhava com um ponto No centro da cabeça Por ele descia Num elevador emblemático Aos recônditos da alma Passava pelos comentários De todas as pessoas A meu respeito Os escutava Com o som De suas próprias bocas Estão todos lá E um pouco mais abaixo Os meus comentários sobre elas Minhas rajadas Minhas farpas disparadas Todas lá Precisava descer mais Ate o fim do poço Ali havia silencio O que não fora dito Nem de mim Nem dos outros Como se todos que conheço Compusessem O que sou Nesse momento veio uma luz azul Mas ficava fora do fosso Fora do corpo Sua química estava dentro Mas sua manifestação Fora Lembrei da teoria dos tubos E super tubos Do neo córtex Senti a luz azul Poderia aliviar A pressão na cabeça Mas teria que perdoar Pois o perdão Trazia consigo a força do espírito Então comecei a subir aquele fosso E perdoava as situações Que me irritavam profundamente E fui me silenciando Até sair Para o nível acima Onde todos falavam e gritava Bravatas contra mim E os meus Percebi que tinha que Me conectar aos meus E limpar tudo de todos Então o perdão entrou E foi limpando cada um Dos meus queridos Ao subir Depois da faxina geral Não senti mais dor Somente a febre E os tremores Que sacudiam o corpo Sabia estar doente De corpo e de alma Sem saber de qual primeiro Dispensava Por um buraco na cama Até os andares mais baixos Algum vírus Ou bactéria Me pegou E me derrubou na cama Me sentia feliz Por estar próximo dos meus Mas não me sentia em casa Não comigo mesmo Não com tanta dor No sábado veio o medico E pediu Uma avaliação neurológica O que fizemos no domingo Quando fomos ao Hospital Para realizá-la Não deu nada Mas também Não se soube o que era Caí na cama E só levantei Para a festa Era aniversario de Larissa Oito anos Jantar na pizzaria Estava moído Não tinha animo Para nada A comida era de borracha Todas as coisas Estavam num plástico Mesmo estando perto Estava a kilometros De tudo Durante a tarde de sábado Escrevi sonolento Tomando contato Com meus horrores Os acumulo desde pequeno Indisfarsavelmente Tinha uma verdadeira histeria Ao pensar que meu pau morreria Lembro-me de um sonho Onde estávamos juntos no apartamento Ainda em construção E a parede da área de serviço Ainda não tinha sido construída Por ali chegava o elevador de carga Ele se aproximou E escorregou em algo E caio Fui correndo a ele E o vi Diminuindo conforme caia Tive esse pesadelo Nem sei quantas vezes Quando criança Meu coração disparava Feito a bateria De Padre Miguel Quando ele morreu Em julho de 1989 Foi o mais difícil para mim Tinha todos sentimentos Mesmo que fossem Contraditórios No ápice da tristeza Me sentia livre Me sentia pronto para começar Me sentia exposto Vulnerável demais Sem estrutura Sobrevivi estes anos Mudei minha vida Sob varias formas Agora me dou conta Do imenso desconforto Que esta minha vida Não vivo nem lá nem cá Na empresa fui estacionado Sem poder de decisão Na família fui expatriado Quando estou com eles Não tenho profissão A não ser escrever Ler ou adoecer Como faço agora Tenho uma lista de horrores Tenho medo de ser traído Atingido por mentiras Estes dois últimos dias Passei de cama Não sei o que tenho Uma dor de cabeça Bem no centro Fortíssima O corpo sem vontade De qualquer movimento Espera dormir E durante o sono Calafrios me sacodem Pernas e peito A respiração com sussurros Ganhei dores nos ombros Nos músculos da perna Não conseguia Me manter Acordado Hoje Larissa faz 8 anos 7 de marco De 2005 É diferente De todas crianças Que conheço Seus cabelos Tem a tonalidade Dos meus Sua pele branquinha Se confunde Com alguma fraqueza Seu olhar penetrante Sua atitude definida A fazem quase um adulto Se não se derramasse em Barbies E jogos com a irmã Onde parecem criancinhas Hoje sai a ultima filha Da casa dos sete anos Esta fase se foi Agora se concentram Na fase seguinte Das descobertas Quero que este ser Conheça o mais alto Dos céus Com toda a alegria E espontaneidade Possíveis Me sinto fraco Mas nisso encontro A sua força Me alimento Depois de quatro dias Com os teus sorrisos Ao vê-la tão feliz Correndo com as amigas e amigos No play ground do restaurante Vejo que um aniversário por ano Para Larissa É muito pouco Quero me comprometer Com o seu sorriso Com a sua alegria Dar Toda matéria prima Do riso Ensina-la a se entender E não cobrar muito De si Chegamos em casa E na manha seguinte As 5:00 parti Pampulha 8 de marco de 2005 Vôo das 6 da manha para o Rio Apesar de cedinho Este vôo Está bem cheio Voaremos para o sul Sobre Petrópolis Então faremos a final As nuvens cobrem todas montanhas Um país acorda Lá em baixo Estou mole Não tenho vontade De escrever Aeroporto do Galeão Do Rio de Janeiro Para Campinas Parto as 10:30 Para chegar as 11:30 Para almoçar com o amigo Lá espera o motorista Sento na janela 2 A O sol esta forte Decolamos sobre uma baia Cheia de barcos Que não são barcos Curva a esquerda E vamos passear Sobre o mar Lindas praias cariocas Pão de açúcar Leme, Copacabana Vindo para o sul Ipanema, Leblon Barra da Tijuca Que lindas praias Até me animo Um pouco mais Chegamos perto de Ubatuba Que delicia Me sinto em casa Aqui entra para o continente Na proa direta de Campinas Começamos a baixar Estamos chegando Ainda estou mole Vou cancelar o almoço Vim direto para Avaré Desci no consultório de Pim Ótimo pediatra neo natal Sendo assim Pode acertar bem Comigo É amigo de inúmeras vezes É vizinho É meu amigo “Pim me cura “ “Deita ai Que eu vou te examinar” Entrei no antibiótico 16 dias Duas vezes ao dia Fiquei mais 3 dias de cama Só que desta vez Sozinho Não foi fácil não Esperar o sábado Para voltar para casa Campinas 12 de Março Viracopos Pampulha Este é o ultimo vôo De Campinas a Pampulha Depois todos para Confins Por motivos políticos Isto gera um grande Incomodo Amanheci na Pompéia Tomei café com a Neca E parti Cheguei adiantado em Campinas Por isso me dou Este dedo de prosa Estou saindo da maior doença Que já tive E nem sei o que foi Febre alta Desanimo e baixa Vontade de virar pedra Um equivalente próximo Do louco de pedra Doente de pedra A vontade de ser imóvel Paralisado e paralisante De tudo ao redor Um pequeno cochilo Pode demorar hora Perigo sentar confortável Dormi na fila de espera Dos exames de sangue E da radiografia da cabeça Fome nada Passeio nada Nem luz A visão de dentro A de um túnel Longe da saída Mas estou saindo Tenho manchas vermelhas Em várias partes do corpo Há dois dias Minhas mãos pareciam crostas Vermelhas e duram Ontem parecia que explodiriam Ainda hoje O anel não entra Saindo da crise do corpo Tenho a chance De sair das outras também Quero entender meus processos Quero curar a ferida Central da minha vida Aquela que me mantém menino Aquela que me faz carente Aquela que me zera Preciso me entender E me colocar Fora do eixo da dor Vivo um tremendo desconforto Que só complica Minha ferida central Sinto uma tremenda solidão Um imenso descaso de alguém Mais fechamento em mim Sofro a distancia dos meus Numa vontade imensa De ser a família que sonhara Desassistido por quem Nunca saiu da crise de identidade E não se sabe interveniente Que se arrasta por migalhas E não sabe sentar-se a mesa Do banquete da vida Não nutre a chama Focada em si se espreme Num manequim de menina Nas mesmas dificuldades Construímos uma ponte Entre nossas misérias Percebo que encaixamos Por termos interiormente As mesmas fraturas Me distraí em criticas Entre suas crueldades e mazelas Não encarei o foco da questão Nisso eu a alimento Por quanto não foco A origem da minha dor Crescemos a sombra De nossos pais Em olhos exteriores Fomos educados para fora Aceitamos sistematicamente Camadas de verniz Cedemos ao vácuo do outro Ao árduo trabalho De constituir-se motor Me distrai em seus encantos Enquanto deixo pulular em mim O isolamento e a secura da alma No meio de minha vida Existe um buraco Que a todo tempo me consome Chupa minhas energias Me coloca como refém De mim mesmo Tenho duvidas constantes Sobre como Viver a vida Minhas metas Não perpassam Ao bem estar dos meus Não sou um bom gestor de mim Dos imensos recursos disponíveis Dos bens que compartilho Não vivo proporcionalmente Ao milagre Que me trouxe a vida Não faço jus ao premio Que me deu A indimensionavel loteria genética Minha matéria esteve presente Desde o principio do mundo Sobre outra forma e gravidade Meus átomos carregam a arquitetura A mesma Que está em todo universo Quanto o universo se torceu Para se colocar Na forma que me apresento Como me deixei descuidado Na inanição psíquica Na UTI do descaso Vivo a expressão mínima Do relacionamento afetivo Respiro por uns canudinhos Se fosse definir para mim O que mais preciso Começaria pelo ar Brisa Vento Ventania Ou pela água Rio ou represa Mar Sal Sol E flutuar Começaria pelo afeto Com o ser humano Predileto Começaria sendo fácil Para os meus Sendo presença Ajudaria-os a se entenderem E a beber De suas próprias águas Começaria por voltar a sonhar Sonhos Deliciosos Sem me deixar consumir Pela secura Das coisas mal resolvidas Se pelo menos me desse uma coisa Teria um ponto Para começar Minha comida é sem sabor O que bebo é sem gosto Minha dinâmica também Estou lá e cá Insuportavelmente viajando Estou em nenhum lugar Quando saio de BH Encontro o sofrimento Da distancia e do descaso Quando volto Cambaleante de saudade Entro num programa que não tolero Cursos, aulas todo sábado Casamentos que não sou convidado Visitas que não acompanho Há muito tempo Que sinto Que ninguém vive para mim Sem apoio Faço A agenda de subsistência Conversas viram monólogos Que recrudescem Ainda mais a dureza Escuto argumentos levianos Que não refletem nem de longe A profundidade da questão Pondero a possibilidade De um dia Haver paz O que preciso Esta muito alem Ao que o corpo pode dar Mais abaixo De onde chegam As negociações Mais acima Onde se limita O pensamento lógico Mais adentro Do gênero Masculino feminino Sinto falta De um cromossomo Z XX, XY, XYZ Acredito que Z possa ser Uma constante cosmológica Ainda a ser descoberta O interior da matéria Conspirado Em forma de vida humana Na empresa Absorvo o baque Das mudanças Deixar de ser O homem frente a tudo Para ficar de lado Sucumbo ao poder do dinheiro Que é que decide E fortalece personalidades Minha atitude Toma tons Pasteis Aceito a condição De ex combatente Ex homem de frente Só eu sei quanto foi difícil Equilibrar tanto peso Suportar tantas pressões Onde continuar Era ter Que suportar leviandades Dava garantias para todos Não as recebia De ninguém Por anos a fio No fio Da corda bamba Quando assumi a empresa Na época que vim Morar em Avaré A empresa era uma forma De me sentir perto De meu pai De me afirmar Para meus filhos E companheira Ninguém sabia O tamanho da pedra Em meu sapato E por anos Nunca respirei A pulmões a pleno Vivi dividido Com uma pessoa Também dividida Me acostumei ao meio bem Ao meio gozo Ao meio gosto Somente me vi inteiro Ao amor e cuidado Dos meus filhos Preciso de vida Da minha vida A que consumi Preciso de um bem Que não cesse Que não dependa de grana Preciso de casa Carinho E apoio Preciso sair Do mausoléu Aonde vivo Preciso apagar As mensagens grafitadas Com meu sangue Quero ter a alegria Do encontro de amigos Quero a leveza Quero o sabor dos alimentos Quero pagar o que devo Quero o contato com a beleza Abraço minha vida Fracionada e ferida Não disfarço Contemplo as belezas Oferecidas a 37 mil pés Atenuam o amargo e a dor Vejo São Thomé das Letras Isto me traz a vontade De me sentir diferente Lembro de ter acampado Bem no alto Da vila Lindo azul Ao longe É verdadeiro O recebo como sendo A única coisa verdadeira e boa Que vejo Luminosidade sem igual Sem divisão Sem fragmento Sua beleza iluminada Convida A iluminação De fazer emergir o adulto Se o que me conheço Aponta às paixões Como ficar lúcido Apesar Das sombras A dor de trazer a tona um homem Que não use o termo “ sou humano “ Como desculpa Chegamos No apartamento de BH Minha casa tem moveis brancos Tão brancos Como um hospital Tem luzes no teto Que soltam foco Na vertical Nas janelas semi abertas O vento Denuncia as cortinas Tudo é limpo Tudo parece Estar em ordem Meu corpo recém saído Intoxicado de tantos remédios Perscruta o tempo As crianças como adultos Fazem seus deveres Os adultos fazem-se crianças Há uma bola suja No mármore limpo Da sala Jornais lidos Sobre forram O tapete Existe um silencio Que agride O ruído da cidade O amor esta próximo ao descontrole Como a união da solidão A verdade do desconhecido Somos juntos A fervilhante possibilidade De ocorrer o bem A vibrante possibilidade Se ocorrer A química do amor Ao que todos Sem exceção Desejamos Manha de segunda-feira A noite trouxe O arrefecimento Dos animos No encontro Que tem superado Pequenas desavenças Porem Que alimenta As grandes Como toda humanidade Deixei o torpor do encontro Anestesiar o conflito Por um tempo Terei a imunidade Do grande conflito Ganho algum tempo Enquanto perco A humanidade Sangrou uma veia Na narina esquerda As 3 da manha Quando voltei para cama Descobri uma filha No meu travesseiro Aproveitei Para passear pela casa Às escuras Refletia apenas A penumbra Da cidade Eram tranqüilas As respirações Dos meus Eram ritmadas Na melodia Da vida Voltei para cama E me senti Num jardim A vida Que não se economiza Esta a rondar É o balanço Que balança o berço Da longa infância Na respiração profunda Dormi Fundi todos os sonhos Manha de terça Dia de partir Crianças fazem lição Descobri uma grande verdade Que esta pousada No fundo de meu silencio Então não me turvo Deixo que tudo Tome a dimensão apropriada Assim sinto Uma imensa jóia Depositada em mim Das que não são expostas Em vitrines Não se vende Ela brilha no exercício Que me lanço Com paciência Me sinto curando Da engripação De minha vida Vi a chama da vida Vi que podia se apagar A vi na extensão do relacionamento Estou curando Relações supérfluas Laços mal dados Tomo assento No ônibus Que me leva a Confins Fico mais longe Do aeroporto Que me deixa perto Saí a pé de casa Tomei ônibus ao lugar errado Táxi para a estação certa De ônibus Belo Horizonte Parece Madrid Tarde maravilhosa A bordo do vôo 1759 Um luxo de avião A luz avermelhada Inunda em beleza A visão do dia Realça a vida Que a natureza Confere a si mesma Aguardo a decolagem Enquanto dentro de mim Já estou voando Nas cores Que a passada chuva Lavou em aquarela Pareço sair Para um vôo internacional Com janeiro passado Este 737-800 É potente Decola curto O sol ilumina apenas A copa das arvores Em rosa Voamos quase na direção Do por do sol Bem acima das nuvens Sinto o conforto dos céus Acima das nuvens Uma visão lunar O cheiro das poltronas de couro Confere ao vôo Um toque executivo Pareço acompanhar meu pai Juntos fomos A tantos céus Na viagem ao Báltico Ele quis ir Em aviões separados Primeiro foi com minha mãe Uma semana depois Fui eu O que não sabia É que ele me comprara bilhete Na primeira classe Era tão larga a poltrona Que não sabia direito O que fazer com as pernas Nos encontramos no Hotel Em frente à estação Em Helsinque De lá de trem Para Leningrado e Moscou Era uma viagem testamento Ali ele queria Me dar o mundo Eu aceitei Como tudo Que vinha De suas mãos Lembrei da viagem Da Alemanha Fui seu tradutor Como tocou a Berlim dividida Da Alexander Platz Sovieticamente militarizada Quantos muros Ainda precisam Ser demolidos Depois uma semana Passeando de carro Parando em Castelos Dormindo em conventos Tomando vinho trochnem Jogamos carambola Nos despedimos em Frankfourt Sua viagem na vida Ficou abreviada Mato as suas saudades Quando sinto O abraço das asas Daqui de cima Nos céus Encontro outros céus E com o coração Faço a ponte Entre nossas dimensões Sinto a delicadeza Que a vida faz Comigo Inundando-me Com sentimentos Profundos Quase vejo o invisível Penso o impensável Escrevo o inscritível Baixa nosso vôo Para altitude De transição As turbinas engolem o ronco E tudo que se ouve É um leve soprar Vamos na direção da luz Do fim Deste longo dia No lusco fusco Quase um hiato No tempo Nele Toco o espaço Entre o Céu e Terra Hiato é A dimensão compreendida Entre duas gerações A de meu pai e a minha A minha E dos meus filhos Sou apenas hiato Um traço de união Uma duração Meu coração anseia Por verdades belas E caricias verdadeiras O pensamento busca Se alimentar de verdades Que extingam o dúbio O corpo quer o fogo Em que ardem A irrevogabilidade da vida O que não se cancela O que não se corrompe O que é singelo Aqui em baixo Uma cidade se prepara Para o recolhimento da noite Muitos voltam Ao seu ponto De partida Mas à tarde Nos faz sozinhos Irremediavelmente sós No interregno do dia e noite Há a passagem que só se cruza Sozinho Sinto o dilatar do coração Quantas vidas estão Em minha vida Me faço ponte E sinto o fervilhar Da emoção palpitante Das vidas que trago De tantos Em mim E de toda a vida que levo Para tantos Que me sucedem Sou o foco De onde vem a luz De onde emana calor Tocamos A reversão é forte A turbina é boa Aqui passou a chuva Assim também Me sinto limpo Barra Grande 18 de março De 2005 Aguardo a chegada Do caminhão de mudança Vindo do escritório de São Paulo O primeiro de dois De tudo Que virá Muitas coisas serão sepultadas Outras terão ainda Uma sobre vida Aqui na Barra Grande Onde tantas outras coisas Já moram em definitivo Moramos aqui De 94 a 98 Morei sozinho em 93 Vivi 5 anos aqui E me pergunto realmente Se fui feliz Aqui foi nossa primeira casa Aquela que nos recebeu Foi à casa de meus pais Como na Itália Onde se constrói sobre as casas Mais um andar para os filhos Aqui construímos a historia Sobre a historia De meus pais Há muito desejava morar aqui No silencio entre o canto dos pássaros E o vento nos eucaliptos Sonhava em sair de São Paulo Onde me sentia Apenas um numero a mais Aqui poderia dar vazão A vida Que represava na cidade Aqui vim ficar apartado Do cenário Da primeira separação Fiz novos amigos E vivi messianicamente A espera dos meus Um ano depois chegaram Uma carreta aportou Trazendo a mudança Chegamos dois dias depois E ainda assim Tinha terminado a descarga Era o encontro de duas vidas Duas historias A chance de ser uma Tinha muitos aspectos delicados O financeiro O psicológico Aqui viríamos recomeçar O segundo casamento De ambos Me contorci todo Para agradá-la Para propiciar o melhor Nem sempre Fui compreendido Na verdade quase nunca Minha empresa estava longe De atender os padrões Das expectativas dela Seu padrão social Sofreria alguma oxidação Como sua prataria Mas tudo isso Seria recompensado Pelo amor E é isso Que realmente Questiono Quais os verdadeiros motivos Que estavam presentes Naquele momento Não os românticos Os psicológicos Os materiais Aqui seu filho Ficaria apartadamente longe Do pai dele Garantindo a ela A segurança frente ao medo Que pudesse ser roubado Aqui teria a sinalização De um conforto material E um quinhão nos ativos Aqui poderia ser a psicóloga Que a administradora Abafava E depois de satisfazer estas condições Poderia fazer uma vida comum Comigo Assim sinto Enquanto foi aqui Onde passei com Thales A primeira noite em casa Onde contei aos meninos Historias divertidas Todas as noites Onde passeamos a cavalo Carregando os filhos Dentro da camisa Onde dei asas Ao pai amoroso Que há muito guardara Também foi Muito bom me casar novamente Torcendo para tudo dar certo Vivemos aqui Até nascer A pequenina Larissa No ano seguinte Mudamos para a cidade Mais perto das escolas Muitas coisas Estão aqui Desde então Meio vivas Meio mortas Como a mudança que espero Sinto que este lugar Fala algo ao meu intimo Sempre falou Sinto que seu silencio Ainda é eloqüente Para mim As arvores crescem Ficam imensas Aninham as aves Talvez possa ainda nesse lugar Reescrever minha historia Responder a pergunta Viracopos 19 de março Destino Confins Somente construímos Sobre as eras Do passado Nada se transforma verdadeiramente Apenas algumas mudanças Aqui e ali Vivemos a capa Da modernidade Na caótica ordem das coisas Por dentro somos os mesmo Assemelhados Aos nossos antepassados Onde na Barra Grande percebi O quanto ainda é A casa paterna A mais antiga A mais receptiva A menos valorizada Viracopos Manhã energética De sábado Amanheci novo Na casa de Marcel Tomei banho de sol A varanda convidou Ao encontro do vento Que só há nas montanhas Enormes pedras de granito Arquitetam o projeto das casas Compondo-se As casas ocupam O espaço vazio Entre elas Emprestam A certeza monolítica Para si próprias Não sei se construí Minha casa Sobre pedras Construí sobre meu coração Mas parece que isso Não foi o suficiente Mais que o vento Aqui encontro Um amigo Chegamos no aeroporto E um abraço curto Exprimiu um longo sentimento Agora estou abordo Deste avião Esperando a decolagem E me dou conta O quanto de mim Espera por isso De corpo e alma Anseio por decolar Cada um dos meus Anseio por resolver Minha ferida mais central E afetiva Anseio por me colocar A alma de todos meus Nos Céus Preparamos a partida Nos arrastamos lentamente Para a cabeceira Começa a corrida Que força estupenda Já estamos no ar Mais uma semana curta Dois ou três dias Parto de novo Quanta resistência encontro Para fazer as mudanças Que preciso fazer Preciso de toda inteligência Do mundo Para fazer valer minha vida Preciso de uma capacidade de amar Muito maior Que a de superar machucados Para isto Me inspiro No alto Só o que leve Pode voar O que é bem resolvido Quero o vôo da liberdade O que faz sentido Sem separação Atingimos o topo do vôo A terra fica Irreconhecivelmente distante Paradoxalmente sinto Um conforto em estar Afastado de tudo Dentro deste avião Entre tantas idas E vindas Meu corpo É a antena Da alma Não sei se tenho alma individual Ou se é uma para todos E não entendemos Sinto o acordar dos sentidos Aprendo a perceber Os sinais da vida Não apenas nesta Que esta identificada Com o corpo Mas a vida Que esta escrita Desde a explosão da matéria A vida que pôde se manifestar Há muito Neste planeta A vida que fez o primeiro homem Meu pai e eu Está em meus filhos A vida Que é muito alem Que uma reação química Ela obedece a princípios As leis universais A uma vontade enorme de se conhecer E aqui estou E sinto em mim O comum a toda matéria Chegamos a Confins Agora mais 50 minutos De passeio De ônibus Dentro do ônibus O motorista sintoniza uma radio Quer agradar a maioria Sempre sei Que faço parte Do outro grupo No churrasco Na cervejada Neste ônibus Nem acredito Que ficarei com os meus Toda a semana Iremos encontrar Neca Em Valinhos Mais dois dias de viagem Faremos festa Para comemorar A Páscoa E inundaremos em sabores Das comidas E do relacionamento Segunda de manha Acompanho Thales Ao dentista Diz-se no Oriente Que nos dentes Está escrito nosso destino Qual destino reserva Estes longos dentes Deste lindo menino ? O destino dos adultos Que não deixarão em vão Nenhuma fase da vida Agora é um meninão Sua atenção vagueia Pelas etéreas rotas Logo sua nave pousara E travará contato Com quem ele escolher Neste instante nesta cadeira Parece um passarinho Que precisa ainda de alimento Enquanto na verdade Apenas em vê-lo Alimento meu ser Pela manhã me abraçou E ainda apertado disse Te amo muito Foi como ver o sol Dilatei o coração E todo meu ser Agora aguardo O dente e o tempo Que não lhe causem dor Terça feira Enquanto estudamos Todos na sala Hei Hei você Minha alma Sei Que você Esta aí dentro Na frente do tempo Na possibilidade Do eterno Sei que é você Pois reconheço As pegadas Em cima de você Toneladas de entulho De mim mesmo Coisas sem sentido Sentido sem coisa Um pouco de tudo Sabe aquela sensação Que não vai dar certo Não chega em você Só quando respiro fundo É que sei Que você se alimenta Sabe, Venho de muitas guerras Todas perdidas Procuro você Por toda parte Até nos outros Não consegui contato Para além Da pele Durmo só Acordo Mais só ainda E vejo o escorrer dos meus dias Numa seqüência desconfortável De viagens Hoje mesmo Daqui algumas horas O dia todo Me desloco Mas por dentro Não saio do lugar Não chego à praia Que anseio Por um milhão de anos O que faço para encontrar você ? Não sei Quisera saber Me movo Na falta de sinais Apenas tateando A bordo do 1759 BH – Campinas 17:30 Embarco neste 737 -800 Como quem entra Num carro da família É sempre nele Prefixo OZ Que venho e vou As pontas das asas Viradas para cima Me fazem no século XXI Estou encucado Com o paradoxo Da vida Como que de uma explosão Há 15 bilhões de anos Estamos hoje onde estamos As ferramentas da construção De todo universo Ainda estão por aqui Sinto-as em mim Confronto as teorias No meu intimo Sou passageiro do tempo Meu pequeno lapso de tempo E me debruço sobre ele Quero saber o que de melhor Posso fazer Nestes anos que tenho a frente Me aproximo a cada ano Na idade máxima Que atingiu meu pai Que serve para mim Como uma referencia Meia masoquista Tenho 17 anos Até atingir A marca do pênalti Não sei se chutarei Ou defenderei Na hora do apito Posição 2 esperar Que pouse Um TAM Tomo um sol delicioso Todas as cores ficam Mais vivas Decolamos Jato puro No ar Me sinto impotente Em começar Muitas coisas Me sinto preso A uma teia De limitações Estou desintoxicando Camadas e camadas anteriores Homem cebola O sol bate certeiro Em minha vista Encaro-o Deixo que sua luz Penetre até o fundo Do cérebro Deixo que vá Desentupindo E iluminando o efêmero Tomo um porre de luz Solto as rédeas Me deixo levar Vou ficar vendo Uma bolacha vermelha Por uma semana Mas não paro Deixo-me inundar Por cada fresta Ao longo Do eixo Da alma Parece que não haverá paz Enquanto não assumir Irremediavelmente a mim mesmo Preciso de espaço Para realizar Meu trabalho Move em mim o desejo De ser editado E lido por muitos Não sei por onde começar Fixo os olhos no sol Bem acima da linha das nuvens Curioso encarar o sol das 6:00 Com a cor Do sol de meio dia Ainda não sei Para onde irei Ao chegar em Campinas Tomo a decisão De sair da penumbra Colocar as coisas no lugar Preciso curar minha alma Da sede e fome Que migrou do meu corpo Quero colocar tudo Me apostar Nos próximos lances Me sinto bem Foi um bom pouso Sigo Acabo de receber a noticia Da morte De Beatriz Senti que apenas no recolhimento Poderia encontrar O entendimento disto Com Beatriz Minha ligação Sempre foi na veia Lembro quando uma tarde Me telefonou e pediu Que assinasse seu testamento Que periodicamente escrevia Para amenizar a dor Que lhe provocava esta sombra Depois de concordar Perguntei Porque eu ? Foi quando ouvi De sua boca “ você é meu anjo da guarda” Comunicávamos com os olhos Nos arriscávamos falar O infalável Um jogo franco De quem sabia Que tinha que ser rápido Nas minhas horas difíceis Depois de falar com ela Ficaram mais difíceis Não jogava panos quentes Colocava o dedo na ferida Não se esquivava Não temia criticas Sabia ouvir Calava fundo E depois por qualquer motivo Se ria Como quem não guarda nada Uma noite No seu aniversario Já diagnosticada a doença Demonstrei o que pensava Por escrito Para todos Ela chorou Eu chorei Por dentro Sinto um imenso orgulho De nossa amizade Nossa proximidade Sinto um triste vazio Por não tê-la acompanhado Nestes últimos tempos Onde Também corro Atrás do tempo E que agora Sinto que um tanto de mim Se vai também A amizade de muitos encontros O silencio dos tantos outros Que não acontecerão Não sei de nada Nenhum detalhe Dos últimos fatos Isto não faz Importância Nenhuma Posso ver Que você foi valente Até o final Dando conta de tudo E sabendo Que venceria E venceu mesmo Beatriz é uma vencedora Chegou lá Agora o encontro É com O eterno Esta sua hora Não temos como Em tempo contar Um segundo se passara No seu tempo Até que haja o grande encontro Onde seremos todos Partes de apenas uma alma A alma humana A mesma de todos os homens de bem De toda a vida Ao longo de todo tempo Amanhã Jantarei naquela mesma mesa E brindarei a sua vitória Penso em Kiko Rafaela e Antonio Meu coração fica pequeno Agora mudam-se as posições E eu a considero A minha anja da guarda A consagro como a dama Que aponta O essencial O que é viver Se não for unir Céu e Terra E isso se dá Quando se saboreia Cada momento Sou grato Por tudo que aprendi Sempre a considerarei próxima Vitoriosa Beatriz Viva Beatriz Voa Beatriz